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Segunda safra
Como a maior parte do algodão do Mato Grosso, e boa parte de outras regiões do cerrado, está concentrada emprodução na
segunda safra, após a colheita da soja, a pluma poderá fazer a diferença nesta temporada. “Considerando os preços internacio-
nais da soja, é possível que muitos produtores alcancem com o algodão o objetivo que tinhamde obter em rentabilidade com o
grão”, reconhece Élcio Bento. De acordo como analista, somadas as vendas de pluma e do caroço ao final demaio, o algodão al-
cançava rentabilidade positiva de 6% sobre os custos de produção no Mato Grosso, enquanto soja e milho tinham desempenho
negativo. “Se a margem não é aquela que se desejava, ao menos é a que remunera melhor”, frisa.
Se o mercado interno brasileiro assegurou condição de preços remuneradores, a relação com o comércio internacional no
pico da entressafra foi desfavorável. “O Brasil perdeu competitividade no primeiro semestre. A safra menor enxugou a oferta e o
mercado interno teve de pagar mais para manter a pluma necessária às suas demandas”, salienta Bento. “De 932 mil toneladas
exportadas no ciclo passado, estamos alcançando algo em torno de 600 mil toneladas”. A partir da colheita, no entanto, as cota-
ções, que emmaio se mantiveram 3% acima do mercado internacional, devem cair e tendem a buscar a paridade. Com o custo
de produção interno entre R$ 2,50 a R$ 2,60 por libra peso, ainda se espera uma margem positiva.
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e a expectativa é de preços re-
muneradores para a cadeia pro-
dutiva do algodão na comer-
cialização da safra 2016/17, que
alcançou mais de 60% até o iní-
cio de junho, quando começou a colheita,
eles ainda permanecem abaixo do que seria
desejável. “Apesar do pico de alta nomerca-
dofuturo,naBolsadeNovaIorque,emmaio,
comalguns dias emque as cotações interna-
cionais chegaram a US$ 0,87 por libra peso,
é preciso conter a euforia de imaginar que
os valores chegarão, aonatural, até umdólar
por libra peso como alguns agentes de mer-
cado chegaram a cogitar”, avisa Élcio Bento,
analista de Safras &Mercado. Bruno Noguei-
ra, analista da CompanhiaNacional de Abas-
tecimento (Conab), concorda comaposição.
Para ambos, os patamares ao longo da
temporada comercial internacional que vai
de agosto de 2017 a julho de 2018 devem fi-
car acima dos US$ 0,80 por libra peso, con-
solidando posição recuperadora frente aos
preços praticados nas duas temporadas an-
teriores. “Ainda que os picos de alta no mer-
cado futuro tenham sido importantes para
travar preços e fechar negócios, os atuais pa-
râmetros de comercialização indicam mé-
dias mais baixas a partir da entrada da sa-
frabrasileira, em junho, e norte-americana, a
partir deagosto”, alertaNogueira.
Alguns números, porém, mostram-se
positivos.Atémeadosdemaio,maisde65%
da safradealgodão2016/17doMatoGrosso
havia sido negociada de forma antecipada,
enquanto no ano anterior o volume era de
50%. “Com a expectativa de quebra, os co-
tonicultores estavam mais retraídos”, ava-
lia Élcio Bento. Na mesma época, também
preocupados, os produtores não haviam
negociado antecipadamente a safra que
iriam plantar no final do ano. “No entan-
to, já temos perto de 28% da safra 2017/18
comvendaantecipada, graças àexpectativa
de clima favorável e mercado internacional
mais estável”, reconhece o analista.
Ainda conforme análise de Bento, quan-
to mais o cotonicultor travar os preços aci-
ma do custo de produção, maiores são as
chances de obter vendas de oportunida-
de com o estoque remanescente em altas
na entressafra. “O que não se pode é ficar
completamente dependente destes picos
no mercado internacional. Seria um risco
desnecessário”, alerta. Considera que, se
os preços médios internacionais e nacio-
nais derem suporte necessário, a safra a ser
plantada no final do ano terá aumento de
área. “Mantidoodecréscimodos estoques e
comalgumavançomais significativo da de-
manda pelo aumento do consumo interno
e externo, poderá se confirmar um cenário
mais promissor”, assegura Bento.
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