Anuário Brasileiro do Algodão 2017 - page 43

A
redução da safra brasileira, de
modo concomitante à queda
dos estoquesmundiais, fez com
que o mercado nacional do al-
godão precisasse se adequar a
uma nova realidade no primeiro semestre
do ano civil de 2017 (janeiro a dezembro).
No exterior, as cotações demonstram gradu-
al movimento de avanço, compequenos so-
bressaltos pela ação chinesa de enxugar es-
toques. E no Brasil, os preços descolaram e
avançaram um pouco mais firmes, pela bai-
xa disponibilidade de pluma no ano comer-
cial 2016/17 (deagostoa julho).
A safra 17,5% menor na temporada
2015/16, que forneceu 1,29milhão de tonela-
dasdepluma,contraaprevisãodequase1,49
milhão no ciclo 2016/17, fez comque empre-
sas locais direcionassem parte dos negócios
ao mercado interno, que pagou mais. Com o
avançodaentressafranoBrasilenomundo,e
com a previsão de queda dos estoques inter-
nacionaisearelaçãocambial,ospreçosnacio-
naiscresceramaolongodosprimeirosmeses.
Em abril de 2017, por exemplo, foi regis-
trada a maior média de preço em reais até
então pelo indicador do Centro de Estudos
Avançados em Economia Aplicada (Cepea),
da Escola Superior de Agricultura Luiz de
Queiroz (Esalq), vinculada à Universidade de
São Paulo (USP): 275,08 centavos de real por
libra/peso(ouR$2,7508),omaiorvalornomi-
nal da sériedesde2013.
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De olho nos Estados Unidos
Compreçosmédios na Bolsa de Nova Iorque de até US$ 0,87 por libra peso, na pri-
meira quinzena de maio de 2017, foi um bommomento para os produtores travarem
preços. “Porém, foi uma alta exagerada, não consistente. Os fundamentos demercado
demonstramque é possível subir acima de 2016, mas dificilmente haverá espaço para
queaplumaalcance referencial acimadeUS$0,90por librapeso. A tendênciaédecon-
solidar os US$ 0,80 por libra peso”, considera o consultor Élcio Bento. Avalia que os pa-
tamares de preços dos Estados Unidos a partir da colheita, emagosto, determinarão o
comportamento das cotações internacionais e, por extensão, noBrasil.
Bentoobservaque, apesar da retraçãonos estoquesmundiais pela terceira tempo-
radaconsecutiva, aindaalcançama18milhõesde toneladasdepluma,metadenaChi-
na. Mesmo que se tenha algumas dúvidas quanto à qualidade da pluma estocada no
giganteoriental,ocertoéqueaindaháestoquede8a9milhõesdetoneladasdepluma
acimadoque existiano ciclo2009/10, quandoos preços internacionais dispararam. Os
vencimentos futuros da Bolsa de Nova Iorque preveem preços de US$ 0,78 por libra
peso para junho de 2017 eUS$ 0,75 por libra peso para outubro de 2017. “Os contratos
de julho são importantes, pois encerramo ciclo do ano comercial”, refere.
Já Arlindo Moura, presidente da Associação Brasileira dos Produtores de Algodão
(Abrapa), destaca que ao final de maio de 2017 mais de 65% da safra brasileira estava
vendidademaneiraantecipada. Ea safra2017/18, que seráplantadaao final doano, já
alcançava cerca de 30%de venda antecipada.
Élcio Bento, analista da Safras & Merca-
do, vê omovimento associado ao ajuste dos
patamares domercado internacional. Desde
2014, a China, que vinha inflando de forma
artificial os preços no comércio internacio-
nal,adotoupolíticadereduçãodosestoques,
que ainda representamperto de 52%da dis-
ponibilidademundial. Isso foi causade retra-
ção dos preços nas últimas temporadas, de
um patamar de até US$ 1,50 por libra peso
para perto de US$ 0,60 no mercado global.
A concorrênciamais forte dos tecidos sintéti-
cos tambéminterferiuneste cenário.
Houve desestímulo ao plantio, mas a
queda produtiva nas últimas temporadas
(afetadas pelo clima) fortaleceu alguns pre-
ços internos. Assim, começou a recomposi-
ção do mercado. No cenário internacional,
houve elevação gradual até próximodeUS$
0,90porlibrapeso,emmaio,oquenãodeve
se sustentar. “Permanecerá mais perto dos
US$ 0,80”, entende Bento. Conforme ele, se
por um lado a China deve reduzir a até 47%
do todomundial o seu estoque (e será a ter-
ceira queda global das disponibilidades),
por outro os Estados Unidos, grande forne-
cedor mundial, terão safra farta, a partir de
agosto, com aumento de área superior a
21%. “O Brasil e outros grandes produtores
tambémterãomelhores colheitas”, avisa.
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