Anuário Brasileiro da Pecuária 2017 - page 17

Pecuária brasileira
avançanos índices
de produtividade e
eficiência, que ainda
estão longe do limite
de seu potencial, mas
garantemescala e renda
T
emporada após temporada, os
pecuaristas
brasileiros
alcan-
çam novos e melhores indicado-
res de produtividade, traduzidos
por avanços nas taxas de desfrute, lota-
ção, maior peso de carcaça e menor idade
de abate dos lotes. Estes índices resultam
de avanços no manejo dos rebanhos e das
pastagens, investimentos em genética para
melhor conversãoalimentar empeso e con-
formação de carcaça, e do respaldo domer-
cado e da cadeia produtiva, como a estrutu-
ra de logística industrial e os consumidores
internos e externos. A disponibilidade de
grãos e derivados de culturas agrícolas para
suplementação tambémajuda.
SérgioDeZen,pesquisadordoCentrode
Estudos Avançados em Economia Aplicada
(Cepea), da Escola Superior de Agricultura
Luiz de Queiroz (Esalq), da Universidade de
São Paulo (USP), destaca emseu artigo “Pe-
cuária brasileira: caminhos para a saída da
crise”, que a pecuária bovina de corte regis-
trou significativa evolução no decorrer dos
últimos 30 anos. No início, como o País vivia
o ambiente de “hiperinflação”, decorrente
do descontrole fiscal e monetário, os agen-
tes econômicos buscavam ativos para usar
como reserva para suas economias.
No agronegócio, o boi e suas categorias
(bezerro, garrote, boi magro etc) eram os
preferidos, ao lado do café. Com a estabi-
lidade econômica, os produtores se pro-
fissionalizaram na atividade e trataram a
produção pecuária como investimento, o
que demanda planejamento refinado. O
segmento industrial iniciou nova fase. Em
2003, pesquisas do Cepea, em parceria
coma Confederação da Agricultura e Pecu-
ária do Brasil (CNA), mostravam que eram
necessários 250 hectares para manter 100
vacas, que geravam 45 bezerros, cada um
com170 quilos de peso vivo.
“Em2016, 100 vacas ocupavam140 hec-
tares e produziam 65 bezerros de 200 qui-
los. Apesar de estar longe de atingir seu
máximo, a produtividade por hectare cres-
ceu 283%, ou 172% por vaca, devido a um
enorme investimento do produtor para
atingir esse resultado”, enfatiza. E há ain-
da a recria e a engorda. Em 2010, segun-
do dados do Instituto de Defesa Agrope-
cuária do Mato Grosso (Indea/MT), menos
de 5%dos animais abatidos tinhammenos
de dois anos, e mais de 55% acima de três
anos. Hoje, cerca de 15% têm menos de
dois anos e 25%mais de três anos.
Combinando isso com dados do Cepea
de peso ao abate, tem-se que eram ani-
mais de 16,5 arrobas em 2010, e hoje têm
17,4 arrobas. “Os dados mostram que a
produtividade por área e por animal cres-
ceu de forma significativa, mas ainda exis-
te espaço para ganhos”, observa De Zen. E
acrescenta: “Essa combinação explica por
que produzir boi no Brasil atrai tantos in-
vestidores domundo todo”.
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