Jornal da Emater - Edição 9 - page 8

Produçãode
tilápiaavança
noEstadoepode
mudarosrumos
dapiscicultura
gaúchaDENTRO
DEPOUCOSANOs
PISCICULTURA
Tápra
peixe
Textoe fotos: cássio filter
D
as20miltoneladasdepes-
cado retiradas de tanques
e açudes gaúchos em
2017, cerca de 80% foram
de carpas. A queridinha dos pisci-
cultores gaúchos é uma espécie
que seadaptoubemaoclima local
e que tem um manejo simples, o
que facilita o seu cultivo. Porém,
a falta de uma cadeia estruturada
para a comercialização da espécie
é o principal empecilho para que a
piscicultura do Rio Grande do Sul
se coloque em águas mais rentá-
veis. Embora avanços expressivos
tenham acontecido nos últimos
anos, a produção do Estado equi-
valeacercade30%daparanaense,
por exemplo.
De acordo com Henrique Bar-
tels, assistente técnico estadual da
Emater/RS-Ascar, especialista no
setor, a principal diferença entre
os dois estados está justamente na
variedade de peixe produzida. “En-
quantoosgaúchos focamnacarpa,
os vizinhos optam pela tilápia, que
temvalor comercial maior, normas
de produção e de comercialização
bem-definidas, com redes de aba-
tedouros em vários estados. No
caso do Paraná, a região Oeste de-
les se especializou muito”, diz, res-
saltando que a espécie tem come-
çado a ter maior aceitação no Rio
GrandedoSul, oquedeve impactar
na profissionalização e no valor
agregadodapisciculturagaúcha.
A produtora Vera De Bortolli, de
General Câmara, é uma das que re-
solveu nadar contra a corrente. Ela
e o marido, Mauro, sempre foram
VeraDeBortolli cria
tilápias emágua
potável, o que garante
maior qualidade e
valorização da carne
empreendedores e buscaram seg-
mentos específicos de mercado.
Chegaram a criar emas, mas uma
mudança na legislação inviabili-
zou o negócio. Depois, cogitaramo
cultivo de camarão de água doce,
mas desistiram diante da comple-
xidade do cultivo. Então, optaram
pela tilápia e investirampesado no
negócio.“Vamosproduziralgodife-
renciado. Os tanques são de pedra
e fibra de vidro. Aproveitamos as
nascentesque temosnaproprieda-
de e os peixes ficamemágua potá-
vel, a mesma que nós bebemos. O
resultado é uma carne muito mais
saborosa, de qualidade, sem gosto
e cheiro de lodo, compaladar mais
agradável”, ressalta.
No momento, toda a produção
do casal é destinada a um abate-
douro que foi instalado no municí-
pio. Para o futuro, eles miram ou-
tras regiõesdoEstadoeatémesmo
do País. “Sabemos que tem muito
espaço. Nosso objetivo é manter
entre 20 e 25 mil tilápias”, frisa. So-
bre as particularidades do cultivo,
Vera não esconde que se trata de
um animal mais sensível. Por isso,
fez vários cursos antes de implan-
tar a produção. “Fiz cursos de for-
mação de açude, criação de peixe,
engorda, alevinos e processamen-
to, entreoutros”, completa.
ConformeDouglasTrarbach, téc-
nicodaEmater/RS-Ascar nomunicí-
pio, o exemplo de Vera e de Mauro
deve incentivar outros produtores
da região, principalmente devido à
instalaçãodoabatedouro. “Oinves-
timento que eles fizeram foi eleva-
do,mas há como começar comum
padrãomaisbaixoetambémter re-
torno considerável”, explica. “A car-
pa tem mercado, mas a demanda
maior é durante a Semana Santa.
Nocasoda tilápianão, omercadoé
aquecido o ano todo e compreços
maiores. Só que, lógico, é preciso
aprender a lidar comaespécie, que
nãoé tão rústicaquantoacarpa”.
8
JORNAL DA
EMATER
MARÇO de 2018
1,2,3,4,5,6,7 9,10,11,12,13,14,15,16
Powered by FlippingBook