Jornal da Emater - Edição 9 - page 13

Agricultores
comdécadasde
experiência,EM
SINIMBU,ELESnão
imaginavamo
impactodesimples
mudançaderotina
Coletar amostras paraanálise
tornou-se uma rotinapara o
casal Spiegel, de Sinimbu, na
região do Vale doRioPardo.
Comapáde corte e o balde,
eles percorremvárias
partes da lavoura
No caso do cultivo de tabaco, aaveia é consideradauma excelente fonte dematéria orgânica
N
a pequena Sinimbu, na
região central do Estado,
em boa parte do territó-
rio as condições não são
nada favoráveis a ummanejo ade-
quado do solo. Como a cidade fica
no limite entre a Depressão Cen-
tral e o Planalto, há uma grande
áreadeencosta, oque faz comque
boa parte da superfície tenhamui-
ta inclinação e grande índice de
pedras. Ou seja, emmuitos casos,
é preciso bastante persistência
para a agricultura nas cerca de 1,9
mil propriedades rurais domunicí-
pio. Destas, em torno de 80% têm
até 20 hectares.
O produtor Claudir Spiegel, de
42 anos, sabe bem desta realida-
de. Mora na localidade de Linha
Branca, distante cerca de 22 qui-
lômetros da sede. Para chegar até
a sua propriedade, é necessário
“escalar” vários dos cerros da re-
gião. Mas, apesar do isolamento
geográfico, a propriedade dele é
umdos retratosmais fiéisda trans-
Pádecorte
,
amelhor
amigadeClaudireMarlise
formação que acontece na agri-
cultura local, graças à aplicação
de técnicas simples de manejo de
solo. “Sai mais barato fazer o cer-
to do que o errado. Antes, a gente
fazia do nosso jeito, por ouvir falar.
Hoje não, tudo vai para análise.
Cresci na lavoura e não achei que
pudesse aprender coisa nova. E é
impressionante como funciona”,
confessa, enquanto mostra, orgu-
lhoso, a qualidade do milho nos
quatro hectares que cultiva. No
restante da área aindamantémta-
baco, feijão e arroz.
Os resultados de Claudir não
vêmpor acaso. Ele e a esposa, Mar-
lise, tornaram-se obstinados coma
questão do solo na propriedade. A
pá de corte virou uma companhei-
ra inseparável. Comela é que tiram
as amostras, que depois mandam
para a análise. E fazem isso em vá-
rios pontos da lavoura, conforme
orientação. “Eu tenho até a quar-
ta série. Não sou estudado, mas
gosto de ouvir quem é. Quando
vejo gente entendida falando em
algum lugar, fico ali, só ouvindo. E
depois eu peço para o pessoal da
Emater/RS-Ascar ou de algum ou-
trolugarmeexplicardireito”,revela,
aos sorrisos.
O caso do casal Spiegel ilus-
tra bem a transformação que,
aos poucos começa a se espalhar
por todo o território de Sinimbu.
Desde o ano passado, parceria da
Emater/RS-Ascar e da Prefeitura
vem trabalhando na sensibiliza-
ção dos produtores para o tema
através do Programa Municipal de
Uso Sustentável de Solo e Água.
“Por ser uma área de encosta, pra-
ticamente todas as propriedades
rurais têm nascentes. Conservar o
solo é uma maneira de conservar
estas nascentes também”, explica
a chefe do escritório municipal da
instituição, a engenheira ambien-
tal PaulaMallmann.
Já o colega dela, Luis Fernando
Marion, que é agrônomo e mestre
emTecnologia Ambiental, ressalta
que os dias de campo realizados
emcadaumadasdezenasde loca-
lidades têm feito a diferença. “Nós
vamos até eles e explicamos. En-
tão, quando há exemplos como o
deClaudir eMarlise eles percebem
que a mudança faz sentido. É um
trabalho lento, mas que já começa
a surtir efeito”, enfatiza.
ESPECIAL:SOLOS
CássioFilter
Foto:EdemarStreck
13
JORNAL DA
EMATER
MARÇO de 2018
1...,3,4,5,6,7,8,9,10,11,12 14,15,16
Powered by FlippingBook