Jornal da Emater - Edição 9 - page 6

pioneironoplantio
denogueirapecan,
omunicípiode
antagordaéhoje
osegundomaior
produtorgaúcho,
comboaexpansão
diversificação
Históriasque
frutificam
textoe fotos: tiagoBald
T
radicional em Anta Gorda, o cultivo da
noz pecan quase se confunde com a
história do município que, emancipa-
do em 1963, viu as primeiras mudas
de nogueiras serem plantadas quase 20 anos
antes, em 1944, pelo agricultor Arminho Miot-
to, numa época em que Anta Gorda ainda era
distrito de Encantado. Não é por acaso que,
hoje, com280 produtores, 480 hectares de área
plantadae170 toneladasde frutos colhidospor
safra, omunicípio receba a alcunha de “Capital
da Noz Pecan”, ficando atrás apenas de Cacho-
eira do Sul emvolume de produção.
“Mas essa é uma história de altos e baixos”,
lembra o engenheiro agrônomo Fernando Se-
layaran, da Emater/RS-Ascar, ressaltando as difi-
culdades iniciais para que o cultivo emplacasse,
em especial pela falta de informação sobre a
árvore, nativa dos Estados Unidos e do Norte do
México. “Nesse sentido, é possível dizer que foi
somente a partir das décadas de 60 e 70, comal-
gumaspolíticaspúblicasde incentivo, quealguns
agricultorespassaramaacreditarnelacomouma
alternativaamaisderenda”, salienta.
Outra queda, esta pelo aumento do núme-
ro de doenças e pela escassez de estudos téc-
nicos, ocorreu nos anos 80, com produtores
desafazendo-se de pomares inteiros. “Só que
muitos agricultores resolveram deixar árvores
que tinham cerca de 30 ou até 40 anos de ida-
de e perceberam que estas eram capazes de
produzir até 200 quilos de nozes por planta”,
comenta Selayaran. “Eraoque faltavaparaque
muitos se interessassemnovamente pelo culti-
vo, mas desta vez com maior atenção sobre a
qualidade da mudas, as variedades mais ade-
quadas e omanejo das plantas”, frisa.
Foi somenteem2006que, de fato, AntaGor-
da passou a olhar para a nogueira pecan como
uma cultura potencial – que logo se espalhou
para outros municípios do entorno. “Hoje, a
pecanicultura está atrás apenas da viticultura e
da citricultura no que diz respeito à produção
de frutíferas no Vale do Taquari”, destaca Derli
Bonine, assistente técnico regional da área de
Sistema de Produção Vegetal da Emater/RS-
-Ascar. “E isso em uma região em que as três
principais cadeias produtivas são suinocultura,
bovinocultura de leite e avicultura”, completa.
Ainda assim, de acordo com Bonine, a ex-
pansão da área cultivada exige cautela, já que
muitos pomares jovens ainda não entraram
emprodução–oqueocorrecercade seteaoito
anos depois doplantio. Nesse sentido, é prová-
vel queopreço–atualmentecercadeR$15por
quilo, pago ao produtor – se estabilize ou até
recue em breve, com produção suficiente para
atender à demanda. “Para os agricultores inte-
ressados em investir, é importante ter área de
terras com solos bem profundos e drenados”
informa Bonine, reforçando a importância da
observação do correto espaçamento entre as
árvores e dos tratamentos adequados.
ParaoagricultorCarlosSordi,dalocalidadede
São Brás, a pecanicultura está prestes a se tornar
asegundaprincipal atividadedapropriedadeem
quemora coma esposa, umfilho e os pais. “Infe-
lizmente com o leite – a família possui 60 vacas
em lactação – estamos pagando para trabalhar”
salienta, sobre a crise enfrentada pelo setor. En-
quanto a avicultura “equilibra as finanças”, Sordi
estuda a possibilidade de dobrar o pomar, atual-
mente com350 pés de nogueiras, que chegama
render quatro toneladasda fruta. “Aindaque seja
umaatividadequeexijabastantedoprodutor, es-
pecialmentenocomeço,éumaexcelentealterna-
tiva, combomretornofinanceiro”,pondera.
A opinião do produtor Alexandre Girotto, da
localidade de Linha Doutor Felizardo, vai ao en-
contro da de Sordi. Trabalhando exclusivamen-
te comnoz pecan – inclusive com produção de
mudas – há mais de 20 anos, a família já che-
gou a colher oito toneladas de frutas nopomar,
que, atualmente, conta com 115 árvores em
produção – fora outras 300 que estão em for-
mação. “É uma cultura em que o manejo não
é tão complicado e que pode resultar em boa
rentabilidade”, garante o agricultor, que, na úl-
tima safra, recebeuR$20,00por quilodenozes,
de uma agroindústria de Antônio Prado.
Apesar do ânimo dos agricultores, o assistente técnico regional Derli Bonine lembra a
necessidade de se cercar do maior número de informações sobre a pecanicultura (desde o
plantio até a colheita, passandopelomanejo), paraque não haja frustrações nas safras. Uma
das oportunidades paraaaquisiçãode conhecimentos seráo I SimpósioSul-AmericanodaNoz
Pecan e V Seminário da Cultura da Noz Pecan, que ocorre nos dias 25 e 26 de abril, dentro da
programaçãodaFestLeitedeAntaGorda. Naocasião, todos os elos da cadeia produtiva serão
tratados, pormeiodepalestras epainéis, que se iniciarãoàs 8h30. Informações sobreoeven-
to podem ser obtidas emwww.festleite.com.br/programacao-seminario-da-noz-pecan/.
Evento na FestLeite vai discutir o tema
Noz pecan é cultivada
por 280 agricultores
emáreade 480
hectares, com
rendimento de
170 toneladas
por safra
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