Comrealidades
distintasNASVárias
regiÕESGAÚCHAS,
aquestãodosolo
mereceMUITA
atençãoDEPARTE
doprodutor
ESPECIAL:SOLOS
Paracuidardo
nosso
chão
cássio filter
S
egundo especialistas, o manejo do
solo envolve dois aspectos principais.
O primeiro, lógico, é a fertilidade que
ele proporciona. O segundo trata da
conservaçãonecessáriaparaqueelemantenha
suas características naturais. Enoequilíbrioen-
tre estes dois pontos é onde estão guardados
osmelhores resultados para o produtor rural.
O assistente técnico estadual Edemar Stre-
ck, da Emater/RS-Ascar, é especialista em re-
cursos naturais e estuda o tema há décadas.
Quanto à fertilidade, ele acredita que a tecno-
logia mudou muito o modelo de agricultura.
“Os agricultores vêm corrigindo a acidez com
calcário e realizando adubações muito supe-
riores do que há 30 anos”, ressalta. “Isso acon-
tece porque as variedades genéticas atuais
das culturas respondem às adubações. Mas
ainda temos de melhorar a fertilidade, princi-
palmentenas questões físicas ebiológicas dos
nossos solos”.
Quanto à conservação, a questão é mais
complexa, conforme Streck, principalmente
pela herança do plantio direto. “Isso fez com
que conseguíssemos reduzir significativamen-
te as perdas de solo por erosão se comparar-
mos com o preparo convencional (aração e
gradagens) nosanos80”, cita. “Noentanto, com
a evolução da técnica, criou-se ilusão de que o
sistema de terraceamento das lavouras, para
conter as enxurradas, não seria mais necessá-
rio, cultivando as terras nomaior comprimento
da gleba da terra, sejamorro acima ou abaixo”.
De acordo comStreck, isto favorece o escor-
rimento superficial, alémda deficiência na pro-
dução de resíduos na lavoura para melhorar a
matériaorgânica, oqueafetaas fertilidades físi-
ca (estrutura do solo) e biológica dos solos. Ele
ressaltaaindaquea resoluçãoparaoproblema
passapela rotaçãodeculturas, comoa introdu-
ção do milho no verão, ao invés da soja, aveia
no inverno e outras culturas no período outo-
nal (nabo forrageiro consorciado com aveia)
para recuperação de solo.
Só que quando a questão é avaliada em
âmbito estadual, é preciso ter cuidado. O Rio
Grande do Sul apresenta realidades muito dis-
tintas, atémesmopelascondiçõesde relevoca-
racterísticas de cada região. No Planalto, onde
predomina o cultivo da soja e do trigo, sobre
os solos vermelhos e argilosos tem-se hoje sé-
rios problemas de compactação, devido à má
execução do sistema de plantio direto. Isso
causa baixa infiltração de água, decorrente da
falta de rotação de culturas. Outro problema é
que há, muitas vezes, a necessidade da entra-
da das máquinas na lavoura em condições de
solo muito úmido. Já a utilização de solos pe-
dregosos e com forte inclinação para cultivo
de soja tambémpode ser considerada questão
preocupante, já que este tipo de superfície não
possui aptidão agrícola para culturas anuais.
Geralmente, apresentam riscos de perdas de
produção emcurtas estiagens.
Já na região de integração entre lavoura e
pecuária, principalmente na Fronteira-Oeste,
a principal questão é a baixa cobertura do solo
por excesso de pastejo sobre as pastagens
de inverno, permanecendo poucos resíduos
sobre a superfície, o que favorece os proces-
sos erosivos e as perdas de água por evapo-
ração. Por outro lado, a região Central e dos
Vales, onde o tabaco é muito presente, existe
a necessidade de melhorar a cobertura do
solo após o tabaco, pois a terra é muito revi-
rada durante o cultivo. Por fim, outro grande
problema do solo gaúcho é visto no cultivo
de hortaliças, onde o encanteiramento e os
camalhões, principalmente para o cultivo da
batata, são feitos com a mobilização do solo e
construídos no sentido do declive, favorecen-
do o processo de erosão.
Omanejo de solo adequado é
fundamental, tanto para elevar
os índices de produtividade
quanto parapreservar as
características naturais do
terreno, que oscilamem
diferentes regiões do Estado
Foto:EdemarStreck
12
JORNAL DA
EMATER
MARÇO de 2018