O Brasil tem condições de processar
quase 60 milhões de toneladas de grão de
soja por ano. E essa capacidade refere-se a
2014, de acordo coma Associação Brasilei-
ra das Indústrias de Óleos Vegetais (Abio-
ve). O processamento de 40,556 milhões
de toneladas foi atingido em 2015 e supe-
rou todos os resultados dos anos anterio-
res. Em relação ao volume industrializa-
do em 2014, o esmagamento apresentou
acréscimo de 7,8%, ou de 2,934milhões de
toneladas, apontamos dados da Abiove.
A entidade destaca que o volume in-
dustrializado no País representa apenas
41% da safra brasileira de soja. Esse par-
ticipação demonstra o potencial existente
para aumentar a produção de farelo e de
óleo. A produção de 96,9 milhões de tone-
ladas de soja e a exportação de 54,3 mi-
lhões de toneladas do grão tambémforam
recordes em 2015. Os resultados históri-
cos repetiram-se na produção, no consu-
mo e na exportação de farelo e na oferta
e na demanda interna de óleo. A disponi-
bilidade dos produtos pode crescer ainda
mais como processamento da soja expor-
tada
in natura
, segundo a Abiove.
A produção de farelo de soja atingiu
30,765milhões de toneladas em2015, com
16,017milhões de toneladas destinadas ao
consumo doméstico e 14,796 milhões de
toneladas aomercado externo. Esses volu-
mes tiveram acréscimos de 2,013 milhões
de toneladas, 1,218 milhão de toneladas
e 979 mil toneladas, respectivamente. A
maior demanda para a produção de ração
animal e amenor oferta na Argentina, prin-
cipal produtor mundial, contribuíram para
os resultados superiores em2015.
Indústriaprocessadoradesojaesmagou40,566
milhõesdetoneladasem2015,masdispõede
capacidadeparaquase60milhõesdetoneladas
Fôlego
extra
Omercado doméstico demandou 6,521
milhões de toneladas de óleo de soja em
2015, sendo que a produção total foi de
8,074 milhões de toneladas, conforme a
Abiove. A exportação foi de 1,665 milhão
de toneladas. Os volumes de produção,
consumo interno e externo de óleo apre-
sentaram incrementos de 631 mil tonela-
das, 412mil toneladas e 370mil toneladas,
respectivamente. A maior participação do
biodisel no diesel mineral favoreceu a de-
manda interna do óleo vegetal.
As exportações do complexo soja fo-
ram positivas em 2015, com volumes
superiores, porém com as receitas em
dólar inferiores. Os envios totalizaram
54,324 milhões de toneladas de soja em
grão, 14,827 milhões de toneladas de fa-
relo e 1,67 milhão de toneladas de óleo,
com altas de 19%, 8% e 28%, respecti-
vamente, sobre os envios de 2014. Os
dados são elaborados pela Abiove, com
base nos apontamentos da Secretaria
de Comércio Exterior (Secex), do Minis-
tério do Desenvolvimento, Indústria e
Comércio Exterior (MDIC).
Contribuição de luxo
Em valores, os embarques totalizaramUS$ 27,96 bilhões em 2015, aquémdos US$ 31,4
bilhões obtidos no ano anterior. Aqueda de preçomédio emdólar por tonelada do comple-
xo soja foi umdos fatores que provocaramreduções no valor FOBde exportação. Odeclínio
foi de 24%no grão, 23%no farelo e 20%no óleo de soja. Do total, US$ 20,98 bilhões (75,1%)
foram referentes às exportações de soja em grão, US$ 5,82 bilhões (20,8%) às de farelo de
soja e US$ 1,2 bilhão (4,1%) às de óleo de soja. A soma dos três produtos contribuiu com
14,6%do total das exportações nacionais registradas em2015.
No entanto, de acordo comaAbiove, oPaís vemperdendo representaçãona exportação
de farelo e de óleo, emdecorrência da falta de políticas para agregação de valor. A exporta-
çãode sojaemgrãoevoluiudaparticipação, emreceita, de13%em1981para75%em2015,
enquanto a de farelo e óleo caiu de 87%para 25%, nomesmo intervalo de anos. Resultado
oposto ao Argentina, que lidera as vendas externas de farelo e de óleo.
Para a Abiove, a indústria do complexo soja está perdendo espaço para os concorrentes
chineses. Ogoverno chinês apoia a agregação de valor e a geração de emprego pormeio de
medidas como escalada tarifária de cerca de 4%para proteger a indústria local, investimen-
to público na indústria e fornecimento de matéria-prima. A China ainda protege o próprio
mercado de valor agregado combarreiras técnicas e sanitárias. No país, o envio externo de
soja em grão é isento de contribuições previdenciárias, enquanto os derivados são onera-
dos por parcelas desses tributos geradas durante o processo de produção para exportação.
OBrasiléoquartomaiorprocessadordesojadomundo,superadoapenasporChina,Es-
tados Unidos e Argentina. Em agosto de 2015, o Departamento de Agricultura dos Estados
Unidos (USDA, na sigla em inglês) estimava que a China processaria 81,8 milhões de tone-
ladas na etapa 2015/16. O esmagamento global esperado para o período era de 278,65 mi-
lhões de toneladas.
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