Preços favoráveiscompensamoselevadoscustos
epropiciamresultadofinal razoávelaosetor
produtivodesojabrasileiranatemporada2015/16
O resultado econômico final da soja na
safra 2015/16, “em termos gerais, acabou
surpreendendo de forma positiva”, avalia
Argemiro Luís Brum, professor de econo-
mia da Universidade Regional do Noroes-
te do Rio Grande do Sul (Unijuí), consul-
tor e analista de mercado agropecuário.
“Tanto é verdade que, em ganho real, en-
tre janeiro e julho de 2016, a soja rendeu,
na média nacional, 2,65%, superando o
ouro, o dólar comercial e paralelo, a pou-
pança e o Certificado de Depósito Bancá-
rio – CDB Pré (30 dias), perdendo somente
para a Bovespa (Bolsa de Valores de São
Paulo)”, argumenta o professor.
Safra brasileira pouco menor do que a
previsão e momentos de recuperação im-
portante das cotações em Chicago, por
forte especulação em torno do clima nos
Estados Unidos, permitiram que a oleagi-
nosa ficasse acima de R$ 70,00 pela saca
em balcão no Sul do País e muito próximo
disso nas demais regiões, comenta o ana-
lista. Cita que, em junho de 2016, Chica-
go chegou a bater acima de US$ 11,50/bu-
shel, quando entre agosto de 2015 e abril
de 2016 estagnouentreUS$ 8,50 e 9,50. Na-
quele mês, preços internos da soja/balcão
chegaram a ultrapassar a R$ 84,00 no Sul
e se aproximaram de R$ 80,00 nas demais
praças, levando até alguns a especular que
poderiam romper os R$ 100,00.
A elevação ocorreumesmo comreal va-
lorizando-se muito (perto de 25% entre ja-
neiroeagostode2016), observaoprofessor.
Assim, conclui, sobre a temporada passada,
“os preços da soja forammuito bons, com-
pensandoos elevados custosdeproduçãoe
levandoauma rentabilidade razoável dose-
tor produtivo”. Excetua, no entanto, que “al-
gumas regiões do País não atingiram tal pa-
tamar por razões climáticas, como é o caso
do Sul do Rio Grande do Sul, pelo excesso
de chuvas, e do Mato Grosso e dos arredo-
res por falta de chuvas”.
Ainda sobre gastos na produção de soja,
o Centro de Estudos Avançados em Eco-
nomia Aplicada (Cepea), da Universidade
de São Paulo (USP), apurou aumentos en-
tre 7,6 e 16,5% no Custo Operacional Efeti-
vo (COE) de seis regiões do Cerrado e do Sul
do País, ao comparar os primeiros semes-
tres de 2015 e 2016. De outro lado, apurou
Retorno Sobre Custo Operacional (RRCO)
de 28,5% a até 98,5%. Em valores dispendi-
dos, forammais representativososde fungi-
cidas, inseticidas e, em algumas áreas, her-
bicidas. Emperíodomaior (safras 2007/08 a
2015/16), a Companhia Nacional de Abaste-
cimento (Conab) verificou participação dos
defensivos nos custos em 18,2%, enquanto
os fertilizantes atingiram27,8%.
Novos cenários
Para a safra 2016/17 de soja, o quadro em relação a rendimento financeiro “parece mu-
darbastante”,naapreciaçãoinicialdeArgemiroLuísBrum,em15desetembrode2016.“Chi-
cago, diante de uma safra recorde nos Estados Unidos, tende a se fixar entre US$ 8,50 e US$
9,50, eo câmbioapresenta fortes possibilidades de estacionar entreR$ 3,20 aR$ 3,30, quan-
do os custos foram feitos com câmbio mais elevado”, verifica o analista. Além disso, aven-
ta a possibilidade de o efeito
LaNiña
atingir lavouras, derrubando a produtividademédia.
Tomando o Rio Grande do Sul como referência, o consultor aponta alguns cenários
possíveis. No caso de se manter câmbio ao redor de R$ 3,20 pelo dólar, conjetura que o
balcão gaúchopagaria algo entreR$ 53,00 eR$ 60,00 pela saca. “Emo atual governobrasi-
leiro não conseguindo implementar asmedidas corretivas na economia, o câmbiopoderá
retornar a níveis de R$ 3,50 (talvezmais), fato que levaria o preço da oleaginosa a umpos-
sível patamar entre R$ 58,00 e R$ 65,00 pela saca”, especulava ainda Brum, emmeados de
setembro de 2016, quando amédia gaúcha era de R$ 70,24 pela saca. No Mato Grosso, na
mesma época e da mesma forma, o Instituto Mato-grossense de Economia Agropecuária
(Imea) previamenores lucratividades na próxima safra.
Boa
surpresa
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