O aprimoramento
da capacidade de
gestão tem feito
a diferença na
rentabilidade
das pequenas
propriedades
rurais na região
de Frederico
Westphalen
De acordo com a assistente técnica regional social da Emater/RS-
-Ascar, Dulcenéia Haas Wommer, este trabalho é uma forma de resgatar
antigas formas de produção da agricultura familiar. “Com o desenvolvi-
mento da monocultura, industrialização dos alimentos e dos sistemas de
comercialização, o autoabastecimento dos pequenos agricultores foi per-
dendo espaço, assim como o dos mercados locais. Com isso as famílias
rurais, em grande parte, passaram de fornecedores de alimentos para
consumidores dessa longa cadeia”, comenta, ressaltando a economia que
isto representa para os agricultores.
Uma pesquisa da Emater/RS-Ascar foi possível mensurar o valor
mensal economizado pelas famílias com a produção para subsistência.
A média regional economizada pelas famílias é de aproximadamente
R$1200 por mês, para famílias com quatro pessoas. Somente o casal
Adelaide e Aleri produz muito mais. Com o pomar e horta diversificados,
as criações de animais, além dos produtos que são processados por
eles, o valor mensal chega a R$1500. “Aqui a gente planta de tudo, não
compra quase nada. Eu gosto muito de ter de tudo, pra mim é como uma
terapia”, garante Adelaide.
Agricultor passou de fornecedor a comprador de hortigranjeiros
Regional Frederico Westphalen
Pequena propriedade,
grande negócio
A
propriedade da família Sca-
riot, na Linha Caneleira, in-
terior do município de Três
Palmeiras é praticamente um
shopping rural. Lá se produz leite, grãos,
hortaliças, frutas e peixes. A administra-
ção é na ponta do lápis e do mouse. Cus-
to, receita, rentabilidade, investimento,
despesa são algumas das palavras que fa-
zem parte do cotidiano do casal Adelaide
e Aleri. Foi por isto que a propriedade se
tornou literalmente uma referência.
O minifúndio dos Scariot, assim como
os de outras 89 famílias de 42 municípios
da região de Frederico Westphalen, é uma
das Unidades de Referência para os exten-
sionistas. São propriedades que seguem
à risca a cartilha da agricultura familiar
e colhem resultados impressionantes. “A
abordagem é sistêmica, trabalhando o
olhar social, ambiental, econômico e téc-
nico-produtivo, independente das ativida-
des econômicas desenvolvidas pelas famí-
lias em suas unidades de produção, para
que esta renda seja revertida em qualidade
de vida para as famílias rurais”, explica o
assistente técnico regional de sistemas de
produção animal da Emater/RS-Ascar e
coordenador do trabalho de Unidades de
Referência, Valdir Sangaletti.
No caso dos Scariot, a atividade leiteira
é um bom exemplo desta eficiência. O leite
é considerado um produto estratégico por
representar uma receita constante durante
o ano. Por isto, foram reservados 55% dos
12 hectares da propriedade para pastagem
perene e anual, que garante um plantel de
18 vacas em lactação. O desemprenho dos
animais é cerca de 40% superior à média
estadual, ficando próximo de 18 litros/dia,
quase a média da Argentina.
“Busca-se com o trabalho das Unida-
des de Referência uma qualificação da
ação extensionista, por meio da abor-
dagem sistêmica, trabalhando o olhar
social, ambiental, econômico e técnico
produtivo, independente das atividades
econômicas desenvolvidas pelas famí-
lias em suas unidades de produção. É o
estímulo à produção sustentável, técni-
ca e econômica, com aumento de renda,
mas para que esta renda seja revertida
em qualidade de vida para as famílias
rurais”, explicou o assistente técnico re-
gional de sistemas de produção animal
da Emater/RS-Ascar e coordenador do
trabalho de Unidades de Referência,
Valdir Sangaletti.
O que é constatado em cada proprieda-
de serve de base para ser implementado
junto de outros agricultores. A inclusão
do jovem e da mulher na gestão da pro-
priedade também são fatores essenciais
trabalhados pelos extensionistas, como
estímulo à sucessão familiar e ao protago-
nismo feminino.
10
JORNAL DA
EMATER
DEZEMBRo de 2016
