Anuário Brasileiro do Algodão 2017 - page 87

P
ela sua voracidade e pelo volume
de prejuízos causados, a lagarta
Helicoverpa (
H. armigera
) alçou o
posto de segunda praga mais im-
portante do algodoeiro no Brasil.
Com alto poder destrutivo, sua presença nas
lavourasdeixaacadeiaprodutivaempolvoro-
sa. Os primeiros relatos da ocorrência da pra-
ga no País remetem a 2013, em lavouras de
soja,milhoealgodão.Noentanto,conformea
Embrapa Algodão, há indícios de sua presen-
çaemterritórionacionaldesde2008,naépoca
aindaembaixoíndicepopulacional.
Atualmente, a
Helicoverpa armigera
tam-
bémataca culturas como feijão,milheto, sor-
go, tomate, pimentão, café e citros, o que
contribui para a intensificaçãodonúmerode
pulverizações nessas atividades – parte do
sistema de cultivo empregado no cerrado.
De acordo com o pesquisador Carlos Alber-
to Domingues da Silva, a praga exótica qua-
rentenária e polífaga possui elevada capaci-
dade reprodutiva, rápido desenvolvimento e
adaptação a diferentes ambientes. Alémdis-
so, tem grande potencial de desenvolver re-
sistênciaaos inseticidas.
“Em todo o mundo, os prejuízos provo-
cados pela
H. armigera
nas diferentes cul-
turas são estimados em cerca de US$ 5 bi-
lhões”, destaca. No Brasil, o enfrentamento é
mais evidente nas regiões de cerrado dos es-
tados de Bahia, Goiás e Mato Grosso, por se-
remgrandes produtores de algodão, milho e
soja. Além disso, adotam sistema de cultivo
de áreasmuito extensas e contíguas, comre-
duzidonúmerode espécies vegetais. Ao lado
douso inapropriadode defensivos agrícolas,
os agroecossistemas dessas localidades têm
ficadomais vulneráveis.
Silva esclarece que, nas lavouras de algo-
dão, as lagartas podem se alimentar de fo-
lhas e hastes das plantas, mas têmpreferên-
cia pelas estruturas reprodutivas, como os
botões florais e as maçãs. “O período de flo-
rescimento do algodoeiro, em torno de 40
dias após o plantio, exerce atração e estimu-
laamovimentaçãodasmariposas,queseali-
mentam dos nectários existentes nas flores,
influenciando na capacidade de oviposição”,
explica. Asmariposas fazempostura durante
a noite e seus ovos são colocados de forma
isolada e, preferencialmente, sobre folhas,
flores, brácteas, botões florais e frutos.
De acordo com o Instituto de Defe-
sa Agropecuária do Mato Grosso (Indea), a
previsão de prejuízo ocasionado por
H. ar-
migera
nas lavouras de soja, milho e algo-
dão em2017 noEstado édemais deR$ 1bi-
lhão. Paramanejar apraganacotonicultura,
as principais táticas de controle se baseiam
no uso de variedades de algodão transgêni-
cas resistentes, no controle biológico com
parasitoides, predadores e entomopatóge-
nos e no controle cultural através da unifor-
mização da época de plantio. Outras práti-
cas eficientes são a conservação do solo e a
adubação e a semeadura baseadas em re-
comendações técnicas.
Dura
dematar
n
n
n
Controle biológico
O controle biológico é uma ferramenta importante para o controle de
H. Armigera
. Inimigos naturais, como parasitoides,
predadores e entomopatógenos, são componentes importantes em programas de manejo integrado de pragas do algodoeiro.
“Dentre os agentes de controle biológico disponível para o controle de lagartas da subfamília Heliothinae têm-se o parasitoide
Trichogramma pretiosum Riley
(Hymenoptera: Trichogrammatidae) e o predador
Podisus nigrispinus
(Dallas) (Heteroptera: Pen-
tatomidae)”, explica o pesquisador Carlos Alberto Domingues da Silva. As tecnologias de produçãomassal desses agentes estão
à disposição de cotonicultores na Embrapa Algodão.
NASlavourasdealgodãodoBrasildesde2013,temrápido
desenvolvimentoeseadaptaaosmaisdiversosambientes
Lagarta Helicoverpa, registrada
85
1...,77,78,79,80,81,82,83,84,85,86 88,89,90,91,92,93,94,95,96,97,...100
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