O
bicudo (
Anthonomus gran-
dis
) é uma das principais
pragas que se encontra dis-
seminada nos algodoeiros
do Brasil. Originário da Me-
soamérica, é registrado no território na-
cional desde a década de 1980 e, ao longo
dos anos, vem provocando muitas dores
de cabeça aos produtores. Nas lavouras
afetadas, a queda estimada de produti-
vidade gira entre 54% e 87%. No País, os
prejuízos econômicos provocados pelo in-
seto à cultura variaram entre US$ 70,00 e
US$ 130,00 por hectare em 2017 – somen-
te com pulverizações, sem contar as per-
das em produtividade.
Conforme o pesquisador Carlos Alber-
to Domingues da Silva, da Embrapa Algo-
dão, diversos fatores contribuemparaapre-
sença do bicudo nas plantações brasileiras,
como falhas na adoção de medidas de con-
trole, diminuição da diversidade de plantas
nos agroecossistemas e falta de rotação de
culturas, alémde plantios realizados em re-
giões e estações favoráveis ao ataque e ope-
rações mal-feitas de destruição dos restos
de cultura. “O cotonicultor deve estar aten-
to às falsas medidas de controle do bicudo
semfundamentação técnica”, adverte.
Hoje, o pesquisador reforça que uma
das principais práticas de controle preconi-
zadas é oManejo Integrado de Pragas do Al-
godão (MIP-Algodão), que consiste na utili-
zação de diferentes estratégias de redução
populacional de artrópodes-praga, de for-
ma econômica e harmoniosa com o meio
ambiente. Todavia, destaca que, para o su-
cessodo empregodessasmedidas, éneces-
sário que se façamamostragens para deter-
minar os níveis de controle das pragas e de
ação dos inimigos naturais, visando otimi-
zar a utilização dos defensivos agrícolas.
O pesquisador Valdinei Sofiatti ainda
lembra da necessidade do vazio sanitário,
com eliminação total dos restos culturais,
para reduzir a população de bicudo na en-
tressafra. “O controle de plantas tigueras
ou voluntárias de algodão no meio de ou-
tras culturas também é importante, pois
evita que essa praga se multiplique e migre
para as lavouras de algodão próximas”, fri-
sa. “Obviamente que alguns bicudos sem-
pre sobreviverão e vão infestar a lavoura.
Por isso, é necessário o monitoramento e o
controle químico quando necessário”.
Ele não
dátrégua
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Há futuro
ConformeopesquisadorValdineiSofiatti,daEmbrapaAlgodão,amelhoriadaeficiênciadecontrolederestosculturaiseplantasvo-
luntárias é fundamental para que se consiga conviver com a praga semumnúmero exagerado de pulverizações. “Novas tecnologias,
como a soja resistente aos herbicidas Dicamba e 2,4-D, que chegarão aomercado embreve, facilitarão o controle dos restos culturais
remanescentes e das plantas tigueras, o que poderá reduzir a infestação de bicudo nas lavouras de algodão”, acredita.
O pesquisador Carlos Alberto Domingues da Silva corrobora que a Embrapa e seus parceiros vêm trabalhando por vários anos no
desenvolvimento de plantas de algodoeiro resistentes ao bicudo por meio domelhoramento genético convencional e da transgenia.
“Acurtoprazo, pretendemos continuar disponibilizando, viamelhoramentoconvencional, cultivaresdealgodoeirocomciclocurto, rá-
pida frutificação e adequada produtividade”, salienta. Amédio prazo, antecipa que se vislumbra a comercialização de cultivares de al-
godoeiro transgênicas comresistência ao bicudo, o que irá garantir redução drástica no custo de produção.
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Presente nas lavouras de algodão
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