PROGRAMA MILHO E FEIJÃO PODE RENDER R$ 320 MILHÕES AOS PRODUTORES
Venâncio Aires/RS – Realizado nesta terça-feira, 26 de abril, o início da colheita gaúcha do Programa Milho e Feijão teve a divulgação dos números da safrinha de grãos cultivados após a colheita do tabaco. O evento ocorreu em Venâncio Aires (RS), na propriedade de Claudiomar Gregori, em Linha Tangerinas, na presença de convidados, representantes da Secretaria Estadual da Agricultura, Pecuária e Irrigação (Seapi), Secretaria do Desenvolvimento Rural, Pesca e Cooperativismo (SDR), da Federação dos Trabalhadores na Agricultura do Rio Grande do Sul (Fetag/RS), da presidente da Associação dos Fumicultores do Brasil (Afubra), prefeitos, imprensa e produtores rurais.
Ao apresentar os dados levantados, o presidente do Sindicato Interestadual da Indústria do Tabaco (Sinditabaco), Iro Schünke, disse que no Rio Grande do Sul foram cultivados 80 mil hectares, com rendimento estimado de R$ 320 milhões. Ele também lembrou que, nos três estados do Sul do Brasil, foram 152 mil hectares, sendo que o rendimento para os produtores deve chegar a R$ 650 milhões. “O setor do tabaco sempre teve a visão voltada à diversificação. Em 1978 começamos com reflorestamento de eucaliptos nas propriedades, em um trabalho das empresas, juntamente com a Afubra, os sindicatos e as federações de agricultores”, contou.
Ao ressaltar que a diversificação tem que estar voltada à geração de renda, Schünke disse que a partir da safra atual os organizadores passaram a fazer levantamentos, chegando aos números de plantio com projeção da renda aos produtores. “Também percebemos que há plantio de soja e pastagens nas áreas onde foi colhido o tabaco”, comentou. “Queremos a sustentabilidade das propriedades”, acrescentou, ao lembrar que os números levantados pelo Programa Milho e Feijão contribuem com isso.
O diretor secretário da Afubra e consultor da Câmara Setorial da Cadeia Produtiva do Tabaco, Romeu Schneider, disse que a imagem dos produtores que é mostrada pelos antitabagistas não condiz com a realidade. “Se tem que procurar muito para encontrar um monocultor de tabaco”, enfatizou. Ele também comentou que os outros cultivos da propriedade se beneficiam dos conhecimentos técnicos da cultura do tabaco, por causa da assistência dada por meio do Sistema Integrado de Produção. “Vamos continuar estimulando a diversificação, mas ela inclui o tabaco. Ela não o exclui como muitos gostariam de dizer”, finalizou.
Por sua vez, o presidente do Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Vera Cruz (RS) e representante da Fetag, Geraldo Back, lembrou que as parcerias são muito importantes nesses programas, pois promovem alternativas. “Precisamos ter alternativas para haver sucessão rural. A juventude só fica na propriedade se tem renda”, enfatizou. O representante da Seapi, André Lionir Petry da Silva, falou da importância do Programa Milho e Feijão e dos demais programas do governo gaúcho e disse que a secretaria está aberta a parcerias.
Já o presidente da Câmara Setorial da Cadeia Produtiva do Tabaco e prefeito de Venâncio Aires, Airton Artus, lembrou o trabalho pela defesa da cadeia produtiva do tabaco. “Outros segmentos não precisariam desse esforço, mas o tabaco precisa, pois é um setor que foi escolhido para ser eliminado”, comentou. “De todos os segmentos, o único que nunca falta recursos é aquele escolhido para combater o tabaco. Falta recursos para vacinas, hospitais, mas não falta para a Conicq”, criticou Artus, referindo-se à Comissão Nacional de Implementação da Convenção-Quadro. “É um ranço contra a indústria, que atinge os produtores, as famílias, os municípios, seu orçamento, sua estrutura e sua economia”, afirmou o prefeito.
EXEMPLO – O produtor anfitrião do evento, Claudiomar Gregori, cultivou 12 hectares de milho plantados na área onde havia sido colhido 115 mil pés de tabaco. A projeção feita é de colheita de 4.500 quilos por hectare, totalizando 54 toneladas de grãos. Se ele fosse vender seu produto, receberia R$ 36 mil, com rendimento médio de R$ 3 mil por hectare. Ele também cultivou feijão para consumo próprio.
DADOS DO LEVANTAMENTO – A partir de 2016, os responsáveis pelo Programa Milho e Feijão após a colheita do tabaco passaram a contabilizar os números da produção de grãos nas áreas produtoras de tabaco e as estimativas de renda para os produtores. Segundo a pesquisa, a safrinha gaúcha teve o plantio de 73 mil hectares de milho e 7 mil hectares de feijão. No Rio Grande do Sul, com uma produtividade média do milho estimada em 6 toneladas por hectare, o volume chegará a 424 mil toneladas. Considerando o preço médio de R$ 665,00 por tonelada, o rendimento por hectare é estimado em R$ 3.990,00, e o total da safrinha gaúcha de milho pode chegar a R$ 282 milhões. Em relação ao feijão, a produtividade é estimada em 2,2 toneladas por hectare, com safra de 15 mil toneladas. Ao preço médio de R$ 2.510,00 por tonelada, o rendimento médio esperado é de R$ 5.515,00 por hectare e o total da safra de feijão poderá chegar a aproximadamente R$ 38 milhões.
Considerando as regiões produtoras de tabaco no Rio Grande do Sul, Santa Catarina e Paraná, foram cultivados 127 mil hectares de milho e 25 mil hectares de feijão, com expectativa de rendimento de R$ 520 milhões para o milho e R$ 130 milhões para o feijão. Após a colheita, o produtor de tabaco cultiva também outros grãos, com destaque para a soja e há, ainda, o cultivo significativo de pastagens para alimentação dos animais. O levantamento apontou que no Rio Grande do Sul, 41 mil hectares são utilizados para pastagens e, nos três estados sul-brasileiros, a soma alcança 68 mil hectares.
SOBRE O PROGRAMA – Conduzido pelo SindiTabaco, o Programa Milho e Feijão foi criado para incentivar a diversificação e a otimização no aproveitamento dos recursos das propriedades rurais. No Rio Grande do Sul, são parceiros o governo do Estado, a Afubra, a Fetag-RS e a Federação da Agricultura do Estado do Rio Grande do Sul (Farsul). A ação reúne a estrutura de campo das empresas de tabaco e das entidades apoiadoras, que divulgam as vantagens do plantio da safrinha e incentivam a prática de diversificação da propriedade.
BENEFÍCIOS PARA O PRODUTOR – O cultivo nas áreas onde foi colhido o tabaco reduz os custos de produção dos grãos, pois ocorre o aproveitamento residual dos fertilizantes aplicados. Consequentemente, pode haver redução de custo na produção de proteína (carne, leite e ovos), com a utilização do milho da safrinha no trato animal. Outros benefícios são a proteção do solo e a interrupção do ciclo de proliferação de pragas e ervas daninhas.
AGENDA – Além do Rio Grande do Sul, estão marcados eventos de início da colheita do Programa Milho e Feijão em Santa Catarina e no Paraná. O dia de campo no Estado catarinense será em 4 de maio, na propriedade do produtor Claudinei Vardenski, em Salto da Água Verde, município de Canoinhas. E no Paraná, o evento acontece no dia 17 de maio, na propriedade de Edenilson Scheifer, na Colônia Scheifer, em Ipiranga.
http://portaldotabaco.com.br/programa-milho-e-feijao-pode-render-r-320-milhoes-aos-produtores/
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