O Manejo Integrado de Pragas (MIP) é
considerado estratégico para a agricultura
nos dias atuais. Na lavouras de soja, a ado-
ção do sistema garante a racionalização do
uso de inseticidas, com consequente redu-
ção de custos para os agricultores e de im-
pactos sobre o meio ambiente, bem como
possibilita a preservação da eficiência do
controle proporcionado por essas tecno-
logias. Além disso, o método é um aliado
contra a seleção de populações de inse-
tos resistentes e de difícil controle nas áre-
as produtivas emtodo o território nacional.
Dados de campos demonstrativos ates-
tam que seria possível reduzir em até 50%
o número de aplicações de inseticidas du-
rante as safras com a adoção do MIP-So-
ja. “Seriam eliminadas as aplicações des-
necessárias feitas na ausência de pragas
ou em populações muito baixas”, explica o
pesquisador Adeney de Freitas Bueno, da
áreadeManejo IntegradodePragas da Em-
brapa Soja. No Paraná, o Programa Plante
Seu Futuro, liderado pela Emater, em par-
ceria com outras instituições, tem obtido
resultados positivos, que ilustram a impor-
tância dessa ferramenta.
A ação, conduzida há mais de três sa-
fras consecutivas em lavouras de porte mé-
dio, prevê a aplicação do MIP-Soja e de ou-
tras boas práticas agrícolas, indicadas por
extensionistas. Os resultados demonstram,
entre outros aspectos, que o atraso na apli-
AdoçãodoMIP-Sojanalavouragarantevantagens
produtivasaosagricultoreseaomeioambiente,
comareduçãonasaplicaçõesde inseticidas
Sem
afobação
Pragas da soja
*
Percevejos:
Entre os percevejos que podem atacar a cultura da soja, aqueles que su-
gamas vagens estãoentreasprincipaispragasdacultura. Esses insetospodemser devárias
espécies, que ocorrem juntas ou isoladamente. O percevejo-marrom é o mais importante,
devido a sua abundância e distribuição emtodo oPaís. Ao atacar as vagens, ocasiona a per-
da de peso do grão, alémde abrir a porta de entrada paramicrorganismos que comprome-
temaqualidadedoprodutocolhido.Ataquesemvagenseminíciodeformaçãopodemtam-
bém levar ao abortamento dasmesmas.
*
Lagartas:
Existeumgrupograndedelagartasquepodeatacaraculturadasoja.Alagar-
ta-da-soja e a lagarta falsa-medideira são as espécies mais comuns e importantes, alimen-
tando-se das folhas de soja e causando o desfolhamento, que reduz a capacidade fotossin-
tética da planta. Quando essa desfolha for superior a 30%durante o período vegetativo do
desenvolvimentoda lavouraou superior a15%duranteoperíodo reprodutivododesenvol-
vimentoda lavoura, a capacidade fotossintéticaé reduzidaapontode faltar alimentoparaa
planta, o que compromete seu desenvolvimento e, consequentemente, sua produtividade.
cação dos inseticidas permite melhor con-
servação dos inimigos naturais das pragas,
como predadores, parasitoides e entomo-
patógenos, diminuindo a necessidade geral
de controle e, por consequência, preservan-
do a eficácia e a longevidade do produto.
Segundo o cientista, oManejo Integrado
de Pragas da Soja preconiza que a cultura,
mesmo nas cultivares modernas, tem tole-
rância ao ataque de pragas antes de ter sua
produtividade ameaçada. Desta forma, in-
festações de insetos-pragas são toleráveis
até um determinado nível, sem que haja
qualquer redução econômica da produtivi-
dade. “A aplicação de inseticidas é apenas
justificável quando a população de pragas
for igual ou superior aos níveis de ação (NA),
que representam o momento certo para o
controle ser realizado”, aponta.
Adeney destaca ainda a importância de
se identificar a espécie da praga antes da
adoção do inseticida, emespecial para con-
trole de lagartas. “Um produto ou mesmo
uma dose escolhida de um determinado
produto pode ser diferente para cada espé-
cie de praga predominante”, diz. A escolha
damelhor alternativa e da dosagemcorreta
a ser utilizada, conforme o pesquisador, só
pode ser realizada quando se conhece a es-
pécie dominante na lavoura, o que depen-
de da realização da amostragem. “É umdos
quesitosparaassegurar o sucessodomane-
jo, que implicará na manutenção da produ-
tividade e na redução de custos”, finaliza.
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