Anuário Brasileiro da Fruticultura 2018 - page 55

Os pomares de laranja no Brasil, que
lidera a produção mundial da fruta e do
suco, voltaram a se apresentar carregados
na temporada 2017/18, depois de decrésci-
mo significativo na principal região produ-
tora, o Cinturão Citrícola localizado emSão
Paulo e no Triângulo Mineiro. Os dados es-
timados pelo Fundo de Defesa da Citricul-
tura (Fundecitrus), de dezembro de 2017,
nesta área indicavam aumento de 57% so-
bre a safra anterior. Por contadisso, os volu-
mesdeembarquesdosucoda frutabrasilei-
ra para o exterior também reagiram23%no
segundo semestre do ano.
O balanço positivo nos pomares, con-
forme os técnicos do Fundecitrus, foi de-
sencadeado, de forma preponderante, pe-
las chuvas acima da média histórica no
início da safra, que voltaram a cair nas re-
giões produtoras em outubro e novem-
bro, após período de estiagem. Além do
clima, o bom desenvolvimento da safra
foi associado à “intensificação dos tratos
culturais, constatada com o crescimento
da demanda de insumos usados no ma-
nejo nutricional e fitossanitário”.
Arnaldo Calil Pereira Jardim, secretá-
rio da Agricultura e Abastecimento de São
Paulo, comemorava no final de 2017 o au-
mento registrado na safra, além de reno-
vação de parceria com o Fundecitrus nos
seus 40 anos, visando o combate à doen-
ça
greening
, ainda presente em 16,7%das
laranjeiras do cinturão. Lembrou também
novidade da pesquisa paulista, no desen-
volvimento pelo Instituto Agronômico de
Campinas (IAC) da primeira laranja trans-
gênica, commaior resistência ao amareli-
nho e ao cancro cítrico.
OCentrode Estudos Avançados emEco-
nomia Aplicada (Cepea), da Escola Superior
de Agricultura Luiz de Queiroz (Esalq), da
Universidade de São Paulo (USP), por sua
vez, verificava diminuição de preços pagos
com o maior volume. No início de 2017, o
valor chegou a superar em 118% ao prati-
cado um ano antes, enquanto que em no-
vembro era 42,4% inferior ao do mesmo
mês do ano anterior. Por outro lado, com
base emdados da Associação Nacional dos
Exportadores de Sucos Cítricos (Citrus BR),
observou que os estoques de suco das pro-
cessadoras aumentaram 93% (para 207
mil toneladas), na previsão para junho de
2018, “o que, no entanto, não deve repre-
sentar excesso de oferta”.
Os dados, conforme as analistas de
mercado Caroline Ribeiro e Laleska Ros-
si Moda, indicam que a safra volumosa do
ciclo 2017/18 “será suficiente apenas para
amenizar os estoques bastante baixos da
etapa 2016/17, dependendo ainda do ren-
dimento industrial e da confirmação de
moagemacima de 300milhões de caixas”.
Mencionavam também a dependência da
produção do período 2018/19, que, pe-
los indicativos iniciais, apresentava per-
das, dando a primeira impressão de que a
temporada “pode ser novamente de ofer-
ta controlada no Estado de São Paulo e no
Triângulo Mineiro”.
LARANJA
O r a n g e
Exportações de
suco de laranja
cresceram 23%
no segundo
semestre de 2017
l
COBRINDO A QUEDA NA FLÓRIDA
Depois de redução em17%nos volumes de sucos de laranja exportados na tem-
porada 2016/17 pelo Brasil (950,9 mil toneladas de julho a junho de cada ano) e in-
clusive no ano civil, com a menor produção ocorrida no cinturão citrícola brasileiro,
a nova emaior saframostra reaçãonos embarques. Entre julho e dezembrode 2017,
as exportações de suco concentrado equivalente a 66 graus brix (FCOJ Equivalente)
registraramaumento de 23%no volume e de 26%na receita.
Já na parcial até novembro era verificada esta situação, onde interferiu com for-
ça “o cenário de baixa produção na Flórida”, conforme acentuava o Cepea emanáli-
se no final de 2017 e reiterava no início de 2018, lembrando impactos do
greening
e
do Furacão Irma. Apresentava também perspectivas positivas de agentes do setor,
“fundamentadas na recuperação de estoques de suco, ainda que de forma parcial,
permitindo que o Brasil supra maior necessidade norte-americana e reabasteça os
estoques de engarrafadoras europeias”.
DeacordocomosdadosdaCitrusBR,nosegundosemestrede2017,oíndicedecres-
cimento de 23% no total exportado ocorreu também no volume direcionado à União
Europeia (maior compradora do Brasil, com 70% do total), enquanto para os Estados
Unidos, em virtude do problema ocorrido na produção local, os embarques aumenta-
ram41%.Nestepaís,conformeIbiapabaNeto,diretor-executivodaCitrusBR,hádeman-
da potencial excedente de cerca de 70mil toneladas de FCOJ Equivalente, o que não se
sabe se será convertido em consumo real, “mas temos de estar prontos para atender
aquelemercado, queéomaior consumidor domundo”, afirmou, emjaneirode2018.
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