Anuário Brasileiro da Fruticultura 2018 - page 63

Mudou o tamanho da fruta, mas a
qualidade continua alta. Em 2017, o Sul
do Brasil, que responde pela quase totali-
dade da produção brasileira de maçã, co-
lheu uma safra gigante e de alto nível qua-
litativo. Na sequência, o novo ciclomostra
calibre da fruta menor, o que reduz o vo-
lume produzido, mas a qualidade é fan-
tástica, conforme Pierre Nicolas Pérès,
presidente da Associação Brasileira de
Produtores de Maçã (ABPM), que, desta
forma, espera alcançar resultados positi-
vos nos mercados interno e externo.
Pelos números do Instituto Brasileiro
de Geografia e Estatística (IBGE), a esti-
mativa feita no final de 2017 para a safra
brasileira da fruta neste ano atingiu 1,25
milhão de toneladas. Já a ABPM levan-
tou produção superior a 1,3 milhão de
toneladas na temporada, enquanto para
2018 previa, em plena colheita da varie-
dade Gala, no início de fevereiro (a outra
emdestaque, a Fuji, começa a ser colhida
no final de março), que o total alcançaria
cerca de 1,05 milhão de toneladas, abai-
xo da média histórica recente de 1,11 mi-
lhão de toneladas.
Fatores climáticos interferiram no ci-
clo deste ano, como geadas na frutifica-
ção, frio excessivo na polinização e dois
períodos de seca em novembro, que re-
sultaram em unidades e volumes meno-
res, segundo constata a ABPM. Porém, o
presidente Pierre salienta que a qualida-
de é muito boa, com frutos firmes, sucu-
lentos e doces, além de apresentarem
coloração e crocância adequadas. “Fal-
tou só tamanho, mas o gosto bom da fru-
ta é garantido”, diz.
Em relação aos preços, a expectativa do
dirigente é de que possam vir a ser mais re-
muneradores no decorrer do ano, após um
período com redução de receita, pelamaior
oferta. Com isso, e uma esperada reação
na economia, afirma ser possível encarar
a temporada com otimismo. No âmbito da
demanda interna, verifica que pouco a pou-
coocorreuma retomada, emboraaindanão
alcance o nível registrado há alguns anos,
ao mesmo tempo em que a entidade dos
produtores lançou campanha demarketing
(Clube da Maçã) com ênfase nas redes so-
ciais, para aumentar o consumo.
No plano externo, embora com oferta
nacionalmenor, apresentam-se fatores fa-
voráveis ao produto brasileiro, como que-
bra de safra na Europa e retirada de entra-
ves na Rússia e na Índia, havendo grande
expectativa em relação a este país. Com
mais frutos menores, que caem em espe-
cial no gosto dos asiáticos, o presidente
da ABPM verifica tendência de direciona-
mento de mais cargas a estes mercados.
O principal, inclusive, já é da Ásia, Ban-
gladesh, que respondeu por 34% do to-
tal exportado pelo Brasil em 2017, quan-
do, com maior disponibilidade, ocorreu
incremento de 80,6%no volume total em-
barcado em relação ao ano anterior, e as
importações diminuíram quase 50%.
MAÇÃ
A p p l e
l
MAIS ÁREA E VENDA
Ainda em relação à safra 2016/17, o Centro de Estudos Avançados emEconomia
Aplicada (Cepea), da Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz (Esalq), perten-
cente à Universidade de São Paulo (USP), analisou que o clima de 2016 foi favorável
à produtividade, com inverno mais rigoroso e volume adequado de chuvas. “Além
disso, a amplitude térmica contribuiu para o bomdesenvolvimento e para a colora-
ção das frutas”. Desta forma, observou que a quantidade colhida deGala esteve pró-
xima do volume histórico e a Fuji foi superior. Já os respectivos preços, entre janeiro
e novembro de 2017, decaíramentre 36%e 46%.
Em vista disso, e mesmo porque a renovação de pomares vem permitindo me-
nor espaçamentoentre as árvores emaior produtividade, oCepea verificava atéme-
ados de 2017 a possibilidade de ligeira queda na área produtora. Mas ao final do
ano estimava leve aumento (de 1,7%) na área do ciclo 2017/18, em particular no
maior Estado produtor, Santa Catarina, complanejamento de empresas de Fraibur-
go e ampliações de alguns produtores na região de São Joaquim, por renovações e
arrendamentos. O Rio Grande do Sul é o segundomaior produtor.
O volume expressivo de maçãs nacionais em 2017, mais a sua qualidade na co-
loração e no calibre, pela avaliação do Cepea, facilitaramas vendas para omercado
externo, que haviam caído pela metade no ano anterior, commenor disponibilida-
de do produto. Menor remuneração interna também influiu nomovimento externo,
conforme a análise, que reitera boas condições para os embarques em 2018, diante
de ofertamenor na Europa e de aberturas na Rússia e na Índia, gerando boas expec-
tativas em relação às exportações, mais uma vez, para o ano.
Os pomicultores
do Sul do
Brasil fizeram
uma grande
colheita em 2017
61
1...,53,54,55,56,57,58,59,60,61,62 64,65,66,67,68,69,70,71,72,73,...92
Powered by FlippingBook