Recorde no etanol

A produção, consumo e venda de etanol registraram recorde na safra 2018/2019. Conforme dados apresentados pela União da Indústria de Cana-de-Açúcar (Unica), com levantamento próprio na região Centro-Sul, principal produtora, e números da região Norte-Nordeste publicados pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), a produção total do biocombustível atingiu 33,1 bilhões de litros, crescimento de 5,3 bilhões de litros (19,06%) sobre o ciclo anterior. Enquanto isso, a produção de açúcar teve redução de quase 10 milhões de toneladas e a exportação, de 8 milhões de toneladas.

A entidade observa que as unidades produtoras destinaram 64,29% da matéria-prima para etanol nesta safra, tendo como motivação principal a remuneração superior em relação ao açúcar, que registrou nível mais baixo dos últimos dez anos, devido a excesso de oferta no mercado mundial, onde o Brasil é líder. Ao lado da produção maior de etanol, as vendas do produto pelas usinas e destilarias brasileiras, concentradas no mercado interno, tiveram alta de 20,44% sobre o período anterior, destacando-se o etanol hidratado, com aumento de 39,71%, enquanto o anidro (misturado à gasolina) registrou diminuição de 8,88%.

O consumo de hidratado apurado pela Agência Nacional de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP) atingiu crescimento semelhante (39,40%), com volume adicional de 5,86 bilhões de litros. Já a participação do renovável (anidro e hidratado) na matriz de combustíveis leves (ciclo Otto) registrou participação de 47,41%, a maior observada desde a safra 2008/2009. “O uso do etanol garantiu uma economia de US$ 5,2 bilhões ao País nesta safra, evitando a importação de 10,5 bilhões de litros de gasolina que seriam necessários para garantir o abastecimento interno”, destacou Antonio de Padua Rodrigues, diretor técnico da Unica.

A safra 2019/2020, iniciada em abril, apresentou-se ainda mais alcooleira nos primeiros dias, conforme apurou a Unica no Centro-Sul. Mas o primeiro levantamento da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), em maio/2019, com as previsões para o novo período produtivo, apresentava expectativa de que a destinação para o etanol, embora devesse permanecer alta, não alcançaria o mesmo nível do anterior. Para tanto, era levada em conta expectativa de que o superávit mundial de açúcar poderia diminuir. Ao mesmo tempo, devido a menores custos e boas perspectivas para o grão, a organização pública registrava maior presença do milho no etanol, extraído basicamente da cana-de-açúcar no Brasil. Poderia haver crescimento desta participação em 31,8% no anidro (para 308,8 milhões de litros) e 97,5% no hidratado (para 1,1 bilhão de litros).