Especialmente coloridos

O consumo de algodão colorido tem crescido em todo mundo. Uma das principais razões é a sensação tática que a fibra proporciona às roupas feitas com esse fio têxtil. Além da aparência e conforto, a tecnologia possui o melhor e mais atualizado argumento mercadológico da atualidade: é sustentável. Isso porque economiza 87,5% da água normalmente utilizada no processamento têxtil e também dispensa os corantes artificiais para o tingimento das peças com ela produzidas, industriais ou artesanais.

“No Brasil e em todo o mundo, o valor mais importante inerente às roupas e artefatos feitos com o fio têxtil naturalmente colorido é o da saúde do consumidor, já que é uma tecnologia ideal para pessoas alérgicas aos produtos químicos do tingimento artificial e para a proteção da pele sensível dos bebês”, explica o analista Gilvan Alves Ramos, da Embrapa Algodão.

Hoje, no Brasil, embora não haja levantamento sistemático da produção agrícola para esse tipo de algodão, estima-se que o cultivo para esta safra deve ser de 40 a 60 hectares na Paraíba, mais 30 hectares no Mato Grosso. A produtividade média é de uma tonelada de algodão em caroço por hectare, com aproveitamento na indústria têxtil nacional – que por sua vez vende no mercado interno e exporta para países como Alemanha, Canadá, Dinamarca, Catalunha (Espanha), Estados Unidos, Emirados Árabes, França e Japão.

Ramos destaca que, no País, pesquisadores da Embrapa Algodão se dedicam a pesquisar características genéticas dessas plantas desde a década de 80. A conclusão dos trabalhos iniciais se deu no ano de 1999, quando foi lançada a cultivar BRS 200 Marrom. Com diversos avanços nas últimas décadas, a tendência é de que os estudos não parem, em especial devido à expectativa comercial para as cultivares do algodão naturalmente colorido brasileiro, que vislumbram que os consumidores paguem um acréscimo de 30% a 40% de valor pelos seus produtos, em relação aos produzidos pela tecnologia do algodão branco tradicional.

“Isso tem se confirmado nesses  18 anos de vida comercial da tecnologia, com percentuais até maiores (atualmente chega a 54,3% de acréscimo), embora o pequeno volume transacionado por ano não permita fixar uma média maior do valor monetário obtido no mercado”, pondera. Para o futuro, o pesquisador ressalta que a biotecnologia também pode ser empregada – até o presente aconteceu apenas a exploração do germoplasma natural, por meio de métodos tradicionais de melhoramento genético. “A Embrapa continua buscando novos avanços técnicos e metodológicos que podem resultar em economia de tempo e recursos na obtenção de futuras cultivares de fibras com outras tonalidades de cores e alta qualidade de fibra.”

Algodões especiais no mundo
Da mesma forma que no mercado interno, o algodão naturalmente colorido brasileiro é muito apreciado nos Estados Unidos, em diversos países da Europa e no Japão. Hoje, quem mais produz e mais consome esse tipo de algodão especial é a China, que tem mais de 21 variedades diferentes, plantando anualmente mais de 50 mil hectares. Outros algodões especiais produzidos no Brasil e no mundo são os de fibra extra-longa, que garantem a criação de tecidos finos. Nesse nicho, o algodão egípcio, que não é produzido no País, é um dos mais valorizados, sendo primordial na criação de alta qualidade nos tecidos para roupa de cama.

A demanda mundial por algodão orgânico, assim como a procura por fibras coloridas e extra-longas, também tem crescido. Em 2016, o consumo de algodão orgânico cresceu 15% nos Estados Unidos e 30% na Europa, conforme dados da Textile Exchange. Esse tipo de algodão pode ser tanto branco quanto colorido, sendo que o que define o fato de ser orgânico é a não utilização de insumos químicos. A produção de algodão orgânico nacional ainda é bastante pequena – não chega a 1% da produção e foi bastante prejudicada nos últimos anos em razão da seca severa. A atividade envolve entre 100 a 150 produtores no Brasil.

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