A hora é agora

Cerca de 80% dos olivais brasileiros são de koroneiki, arbequina e arbosana

A qualidade do azeite brasileiro é plena. Por suas características físicas, químicas e sensoriais, o produto extraído dos olivais nacionais tem como marca o elevado grau de pureza (sem misturas de óleos de soja, milho ou arroz, ou ainda azeite de bagaço de azeitona). Com baixa incidência de pragas, a produção de azeitonas vale-se do baixo uso de agrotóxicos, também pela baixa presença de doenças na comparação com os países com mais tradição produtiva.

Conforme o pesquisador Enilton Coutinho, da Embrapa Clima Temperado, de Pelotas (RS), nos últimos 14 anos a empresa pública conseguiu realizar pesquisas relevantes, que culminaram na recomendação técnica quanto às cultivares para cada região. “Na região Sul, destacam-se koroneiki, arbequina, arbosana, picual e galega alto d´ouro. Em São Paulo e Minas Gerais, koroneiki, arbequina, arbosana, grappollo e maria-da-fé”, explica, ressaltando que as três primeiras representam cerca de 80% dos olivais brasileiros.

Além da recomendação técnica, questões importantes resultaram da área de pesquisa, com efeito direto na produção. Entre eles, técnicas de propagação assexuada para a produção de mudas de oliveiras, de preparo do solo para implantação de olivais, introdução e avaliação de germoplasma originários de outros países (Portugal, Espanha, Itália, Argentina, Grécia, Estados Unidos, França etc) e de origem autóctone (presentes no Brasil desde a década de 1940), com identificação de 10 com real potencial de produtividade, entre outras atividades.

Inclusive, segundo Coutinho, seis introduzidos e quatro autóctones serão lançados em breve como cultivares pela Embrapa Clima Temperado, voltadas à produção de azeites de oliva e com dupla finalidade (produção de azeite e azeitonas de mesa). “Esperamos que possam estar disponíveis já no início de 2019”, acrescenta.

OBSTÁCULOS Apesar da qualidade produtiva e das boas notícias que frutificam no setor, alguns gargalos de produção já foram identificados tanto pelo segmento produtivo quanto por pesquisadores, e podem, inclusive, dificultar a consolidação da cultura como uma matriz produtiva. Entre eles está o Manejo Integrado de Pragas, com especial atenção à traça das oliveiras, principal inimigo, assim como as doenças mais incidentes, caso de antracnose, olho de pavão e emplumado.

Além disso, surge a necessidade de resolver questões como a definição de boas práticas agrícolas que permitam o estabelecimento da Produção Integrada e Orgânica de Olivicultura. Ou mesmo o credenciamento de mais laboratórios pelo Ministério da Agricultura Pecuária e Abastecimento (Mapa) e pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) para trabalhos de fiscalização de azeites de oliva comercializados no País.