Anuário Brasileiro da Fruticultura 2018 - page 47

A coroa que traz consagra uma das três
principais frutas emprodução e valor na for-
te fruticultura do Brasil, que ocupa o segun-
do lugar emnível mundial nesta cultura. Em
2017, se forem confirmadas as estimativas
feitas de forma ainda provisória em 2018, o
País voltou a colher mais de 70 mil hectares
de abacaxi, como já aconteceu há 10 anos,
emboraaproduçãoestimadadiminuísseum
pouco,para1,7milhãodefrutos.Em2015,foi
alcançado o maior volume colhido, com 1,8
milhão de frutos, ao qual esteve próximo o
número atingido em2016. O valor do produ-
tonesteanochegouaR$2,4bilhões.
A área colhida de abacaxi, embora tives-
se diminuído no final da década passada,
voltou a subir no início da atual, tanto que
o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatís-
tica (IBGE) previa inclusive fortes crescimen-
tos de plantio em fase recente, que passa-
riamde100milhectaresem2016,deacordo
comsuas projeções preliminares. Istopode-
ria ser explicado pelomercado interno forte
(que representamais de 99%do total), além
de ter sido aberto espaço para sucos no pla-
no externo, conforme avaliações feitas com
base nesta perspectiva e nas boas exporta-
ções do líquido nesse ano.
De fato, pelos dados consolidados do
IBGE, a área considerada como plantada na
cultura em 2016 atingiu 69.053 hectares e a
colhida, 68.699 hectares. Já para o ano se-
guinte, embora ainda fizesse projeções bem
altas para o plantio, a previsão para a colhei-
taemdezembrode2017erade70.259hecta-
res,deacordocomoLevantamentoSistemá-
ticodaProduçãoAgrícola(LSPA)entãofeitoe
que ainda incluía a cultura, excluída em2018
neste tipo de pesquisa. De qualquer forma,
representa avanço, embora então não cor-
respondido pela produtividade, que desde
2013ultrapassavaa26milquilosporhectare.
Acompanhando o desempenho da cul-
tura há mais tempo, com base nos dados
oficiais existentes, José Souza, pesquisa-
dor daEmbrapaMandioca e Fruticultura, de
CruzdasAlmas (BA), verificaqueem17anos
(de 2001 a 2017) a produção de abacaxi no
Brasil cresceu 1,26% ao ano, a partir de ex-
pansão anual de 0,74%na área colhida e de
0,52%no rendimento. A variação entre área
plantada e colhida sempre foi pequena: de
menos 0,19% em 2014 (menor) a menos
5,71%em2008 (maior), noperíodoconside-
rado de 2001 a 2016. Já no que diz respeito
aomercado, emobservação de 17 anos, re-
forçou que o interno foi o grande destino da
fruta fresca, ficando o externo com partici-
paçãomédia de apenas 0,5%.
ABACAXI
P i n e a p p l e
l
MOVIMENTOS NA CULTURA
No período de 17 anos, entre 2001 e 2016, o pesquisador José Souza, da Embra-
pa Mandioca e Fruticultura, levantou “comportamento bastante irregular nas expor-
tações brasileiras de abacaxis frescos ou secos”, em que o volume exportado caiu bas-
tante (-16,32%ao ano) e o valor, -9,72%ao ano, ainda que o preçomédio apresentasse
tendência de aumento (7,88%ao ano). Entre fatores determinantes do resultado geral,
destacaoplantiode variedades inadequadas aeste fim(PérolaeSmoothCayenne). Em
2017,voltouahaverincrementonasoperaçõesbrasileirasdaculturadestinadasaoexte-
rior,ondeosprincipaiscompradoresforamosvizinhosArgentina(82%)eUruguai(13%),
edespontaramcomo fornecedoresos estadosdeMinasGerais, SãoPauloeParaná.
Quanto às exportações de suco concentrado de abacaxi entre 2001 e 2017, Souza
observou “tendênciade crescimentodopreçodoproduto, comtaxade 6,43%aoano,
influenciando de forma positiva no valor total, que apresentou taxa de aumento anu-
al de 3,34%”. Entretanto, o volume exportado no período decresceu 2,9%, comaltos e
baixos, aparecendo como destaques os anos de 2015 e 2016, “que indicavam tendên-
cia de aumento, a qual infelizmente não prosseguiu em2017”, quando houve decrés-
cimo significativo. Neste ano, os maiores compradores foram Chile, Argentina e Ho-
landa, e os maiores estados exportadores Pará (onde Floresta do Araguaia é sede da
maior indústria de suco concentrado da fruta doBrasil), Paraíba, Sergipe e Tocantins.
Os estados do Pará, no Norte, e da Paraíba, no Nordeste, têm dividido a primei-
ra colocação na produção nacional de abacaxi nos últimos 10 anos, de acordo com
pesquisa de José Souza. Entre 2012 e 2016, o Pará ficou na liderança, coma presen-
ça da cultura em 81 municípios, onde se destaca Floresta do Araguaia (com 76,4%
do total) e ConceiçãodoAraguaia (10,4%). Em2017, se foremconfirmadas previsões
iniciais do IBGE, a Paraíba, onde se sobressai omunicípio de Itapororoca e temhavi-
do incentivos à produção, voltaria à liderança na oferta da fruta.
A Secretaria de Desenvolvimento Agropecuário e Pesca do Pará (Sedap), porém,
não estava concordando com a apuração preliminar, buscando reavaliação com
base em informações da região produtora do Estado, que não estariam condizen-
tes com a queda projetada. Por outro lado, no decorrer de 2016 e 2017, eram veicu-
ladas dificuldades de comercialização da produção estadual, destinada em grande
partea várias unidades da Federação. Outros estados queainda sedestacamnapro-
dução são Minas Gerais, Bahia e Amazonas (onde desponta Itacoatiara), bem como
São Paulo, Rio de Janeiro, Tocantins, Rio Grande do Norte e Goiás.
Estimativa
inicial para
2017 era de
colheita em
mais de 70 mil
hectares
45
1...,37,38,39,40,41,42,43,44,45,46 48,49,50,51,52,53,54,55,56,57,...92
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