Perspectivas para o andamento da safra 23/24

A safra 2023/24 deve ser marcada por uma conjunção de fatores positivos no que tange à rentabilidade do setor sucroenergético. Porém, como em toda projeção concernente ao operacional de uma atividade agroindustrial, essa expectativa está sujeita a riscos climáticos relevantes.

De um lado, o custo de produção deve apresentar um arrefecimento significativo, derivado, em grande medida, do recuo do preço dos fertilizantes e da redução do preço do diesel, principalmente durante o período de colheita no Centro-Sul. Essa redução nominal do orçamento total agrícola deve ser ainda reforçada pelo aumento da produtividade dos canaviais, intensificando a queda do custo unitário da cana-de-açúcar de origem própria (em R$/t).

Do lado da receita, o preço do adoçante segue firme no mercado internacional, precificando um cenário de estoques globais apertados para esse ciclo e o próximo. A tradução destes preços elevados na receita líquida dos grupos sucroenergéticos depende, entretanto, da estratégia de fixação que foi adotada por cada um. Em contrapartida, o etanol segue tendência baixista em relação à safra 22/23, puxada, sobremaneira, pela política de precificação da Petrobras, pelas recentes alterações tributárias e, em última instância, pela manutenção da paridade da gasolina C na bomba.

Vale ressaltar que esse prognóstico de elevação de rentabilidade considera uma visão otimista dos impactos climáticos provocados pelo El Niño, fenômeno que pode aumentar de forma significativa os índices pluviométricos entre setembro e outubro de 2023. Tal condição pode afetar diretamente as operações agrícolas e impor desafios adicionais para o setor, inclusive no que se refere ao montante de cana bisada no ciclo 23/24.

Considerando o panorama supracitado, a obtenção de margens favoráveis para os grupos do setor vai depender, invariavelmente, do mix de produção da usina; da política de comercialização dos produtos finais e da originação da cana processada. Adicionalmente, o risco associado às consequências do El Niño deve afetar sensivelmente as perspectivas para o fim da safra vigente.

Ressalvas postuladas, espera-se que o desempenho médio do setor seja de melhora da geração operacional de caixa na safra 23/24 na comparação com a safra 22/23.