País oferta cafés sustentáveis

Estudo apresentado pelo Cecafé mostra que cafeicultura brasileira sequestra mais carbono do que emite gases de efeito estufa na atmosfera

O Brasil, maior exportador de café, evidencia que adota critérios cada vez mais exigidos nos fluxos de comércio mundial, onde ganha ênfase a governança socioambiental. O Conselho dos Exportadores de Café do Brasil (Cecafé) exalta a preocupação sempre maior voltada a oferecer produtos e marcas sustentáveis, que se comprometam em mitigar mudanças climáticas e seguir aqueles critérios. Inclusive, estudo promovido pela entidade, por meio do Projeto Carbono, demonstrou de forma científica que “a cafeicultura brasileira é um ativo fundamental para contribuir com a redução das emissões de gases associados às mudanças climáticas, retendo mais do que liberando gás carbônico na atmosfera”.

A conclusão foi apresentada em artigo integrante do relatório do Cecafé/março/2022, assinado por seu diretor geral Marcos Matos e pela gestora de Responsabilidade Social e Sustentabilidade, Silvia Pizzol. Conduzido pela equipe de especialistas em clima e emissões do Instituto de Manejo e Certificação Florestal e Agrícola (Imaflora), sob a liderança do professor Carlos Eduardo Cerri, da Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz (Esalq), da Universidade de São Paulo (USP), em áreas produtoras de Minas Gerais, o trabalho comprovou que a adoção de boas práticas agrícolas torna a cafeicultura ainda mais “carbono negativo”, com a atividade sequestrando 10,5 toneladas de carbono por hectare ao ano.

Mesmo nas propriedades onde o café é produzido de forma mais tradicional, salientam Matos e Pizzol, uma avaliação com base em dados da literatura científica mostra que que atividade sequestra mais carbono do que emite gases de efeito estufa, com balanço de 1,63 tonelada por hectare/ano. Isso, segundo eles, “se explica pelo fato dessas práticas convencionais já serem mais avançadas em termos de sustentabilidade”. Ademais, em avaliação do impacto da preservação de vegetação nativa nas fazendas dos cafeicultores, o estudo revelou que, para cada hectare de café cultivado, existem, em média, 50 toneladas de carbono estocados na forma de Reserva Legal e Áreas de Preservação Permanente.

Os resultados, comentam os gestores do Cecafé, vêm ao encontro da sinalização mais verde da economia mundial e poderão abrir portas ao Brasil para acessar os créditos voltados a atividades que respeitam critérios ESG (Ambientais, sociais e de governança). Além disso, como reforçam, “atendem à crescente demanda de indústrias e consumidores por produtos sustentáveis e, por fim, mostram que a adoção das boas práticas se faz vital para atenuar os efeitos climáticos extremos, mitigando impactos econômicos na renda dos produtores”. O diretor Marcos Matos, em evento do setor no mês de abril/22, ainda afirmou que tudo isso contribui para que, além de consolidar os cafés do Brasil em mercados tradicionais, “abra portas e amplie a participação em novos e emergentes, o que é um dos pilares do Cecafé”.

Texto publicado no Anuário Brasileiro do Café 2022, Editora Gazeta