Híbrido de melão amarelo é mais doce e resistente a fungo de solo
As características agronômicas do híbrido de melão BRS Araguaia, do tipo amarelo, têm surpreendido produtores que testaram o material. Os pontos positivos mais ressaltados na avaliação são produtividade e resistência. Na média, o rendimento gira em torno de 40 toneladas por hectare de frutos comerciais, em condições ideais de cultivo, valor que se equipara às principais cultivares disponíveis no mercado. O híbrido também resiste bem ao fungo oídio, uma das principais doenças que atingem a cultura e apresenta doçura maior e distribuída de forma homogênea em todo o fruto.
Resultado do programa de melhoramento genético de melão da Embrapa, a BRS Araguaia está sendo validada nas principais regiões produtoras do País: o Vale do Açu, no estado do Rio Grande do Norte, e o Vale do São Francisco em especial, nos estados de Pernambuco e Bahia.
“O mercado é muito dinâmico e competitivo, por isso foi fundamental entregar um material com produtividade equivalente aos híbridos comerciais, mas que, além disso, tivesse uma vantagem adicional que é a resistência ao oídio”, reforça o pesquisador da Embrapa Valter Rodrigues Oliveira, responsável pelo melhoramento genético da cultivar.
“A tolerância a oídio é um destaque importante do melão BRS Araguaia, pois as plantas são extremamente fortes e rústicas”, descreve Luís Eduardo Rodrigues, gerente de P&D da Feltrin Sementes, empresa licenciada para comercializar as sementes do híbrido.
Fruto mais doce e uniforme
Se, por um lado, produtividade e resistência atendem às demandas do setor produtivo, por outro, o elevado teor de açúcares promete agradar o paladar dos consumidores. Diferentemente das outras cultivares comerciais, o melão BRS Araguaia possui uma doçura uniforme em toda a extensão da polpa, ou seja, ele continua bem doce mesmo na parte da polpa que fica próxima à casca. “Essa característica demonstra o elevado potencial da qualidade do fruto. Além da firmeza, ele é tolerante ao transporte e tem a polpa extremamente saborosa”, comenta Rodrigues.
A doçura do fruto está relacionada ao elevado teor de sólidos solúveis, que são compostos responsáveis pelo sabor, principalmente açúcares. Esse valor é medido em grau Brix (ºBx). Cada grau Brix equivale a um grama de açúcar por 100 gramas de solução, ou seja, 1% de açúcar. “Em comparação com outros materiais, o BRS Araguaia é mais doce: ele alcança 12º Bx, enquanto outras variedades ficam, em média, com 10,5º Bx”, quantifica Rodrigues, ao destacar a qualidade superior do híbrido.
O melão amarelo BRS Araguaia foi desenvolvido a partir da seleção de linhagens puras que apresentaram as principais características buscadas pelos pesquisadores como rusticidade, vigor, potencial produtivo, adaptabilidade e tolerância a doenças. Em seguida, as linhagens selecionadas foram combinadas e geraram 300 híbridos experimentais que passaram por processos de validação, especialmente no Vale do São Francisco, com o apoio da Embrapa Semiárido (PE). Por fim, dez anos após o início do melhoramento genético, os pesquisadores elegeram o híbrido BRS Araguaia, que soma bom desempenho agronômico a qualidades importantes para a pós-colheita.
Aprovado pelo produtor
No fim de julho, o produtor Joaquim Tanaka plantou o melão BRS Araguaia em uma parcela experimental, em Porto Esperidião, município no sudoeste do Estado de Mato Grosso, e constatou que o híbrido apresenta um desempenho melhor que outras variedades comerciais. “Ele teve melhor uniformidade de frutos. Houve incidência de fungo na lavoura, mas ele sofreu menos ataques que as outras variedades de melão”, conta. Quando chegou a colheita, nos meses de setembro e outubro, Tanaka ficou surpreso com a produtividade: “[O BRS Araguaia} produziu dois frutos a mais por planta, com uma média de 1,6 kg cada fruto,” relata o agricultor. Saiba mais sobre o assunto no Portal da Embrapa (clique aqui).
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