Grão de valor

Safra de quase 45 milhões de sacas totalizou R$ 22,01 bilhões em 2017

Qual é o valor em reais que a safra de café de 2018 do Brasil poderá gerar se for confirmada a estimativa média de 56,48 milhões de sacas de 60 quilos de arábica e conilon beneficiados? A receita bruta para essa quantidade foi projetada em R$ 23,6 bilhões, 6,8% acima dos R$ 22,01 bilhões obtidos com a comercialização de 44,98 milhões de sacas colhidas em 2017. Esse valor bruto foi estimado pela Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) na primeira previsão divulgada em janeiro de 2018.

No total, conforme a Conab, o aumento líquido de R$ 1,51 bilhão será decorrente da possível queda de R$ 465 milhões de receita bruta no café conilon e do sensível acréscimo de R$ 2 bilhões no arábica. A previsão era de cenário de manutenção dos preços para o café conilon do Espírito Santo e leve queda no preço do arábica em Minas Gerais.

A receita bruta de café arábica foi projetada em R$ 19,13 bilhões para 2018, alta de 11,5% sobre os R$ 17,15 bilhões da safra anterior. Para chegar a esse total, a Conab considerou o volume produzido em 2017 e a média prevista para 2018 e os preços médios pagos aos produtores em dezembro de 2016 e dezembro de 2017, respectivamente. A Conab observa que a maior produção é, possivelmente, a principal responsável pelo aumento da receita auferida ao produtor de café arábica nos períodos analisados.

O incremento de café arábica poderá chegar a 8,9 milhões de sacas na safra de 2018. Enquanto isso, a comparação dos preços praticados em dezembro de 2016 e dezembro de 2017 apresentou queda de 11,5% no valor médio de comercialização do grão. O mesmo vale para o café conilon, com previsão de alta na produção e de queda relevante para os preços, representando diminuição na receita dos produtores desta variedade.

O ano de 2017 foi de forte e contínuo recuo nas cotações de cafés arábica e conilon (robusta), concluíram os pesquisadores do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea), da Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz (Esalq), vinculada à Universidade de São Paulo (USP). Os valores do arábica foram pressionados pela queda externa, nos primeiros meses do ano. Já no segundo semestre os estoques razoáveis nos países consumidores e a boa expectativa quanto à safra nacional 2018/19 influenciaram as baixas nas cotações internas e externas do arábica. A maior média mensal, de R$ 514,23 pela saca de arábica tipo 6, foi obtida em janeiro, e a menor, de R$ 445,95 em outubro.


O CENÁRIO DO CONILON

Os preços do café robusta ficaram aquecidos com a procura por parte de torrefadoras para composição de blends, mas caíram, influenciados pela maior oferta interna da variedade e também pelas projeções de maiores volumes na etapa 2018/19 do Brasil e no ciclo 2017/18 do Vietnã. A saca de robusta tipo 7 começou 2017 com a maior média em janeiro, de R$ 495,20, e terminou com a menor em dezembro, de R$ 362,31. Conforme a análise do Cepea, com as fortes quedas nos preços, os cafeicultores retraíram-se ao longo de 2017, diminuindo o ritmo dos negócios. Além disso, com estoques confortáveis, grande parte dos países importadores do grão brasileiro reduziram as compras.

Neste sentido, os embarques de café totalizaram 30,790 milhões de sacas em 2017, com baixa de 10,1%, comparado com as 34,268 milhões de sacas enviadas em 2016, de acordo com relatório do Conselho dos Exportadores de Café do Brasil (Cecafé). A receita cambial de café alcançou US$ 5,2 bilhões em 2017, contra US$ 5,4 bilhões do ano anterior. O preço médio foi de US$ 169,36 por saca, 6,6% superior ao valor do ano de 2016. A receita garantiu ao produto a quinta posição nos embarques totais do agronegócio brasileiro, com 5,4% de participação. O presidente do Cecafé, Nelson Carvalhaes, explica que o mercado já havia previsto esse resultado para 2017, devido à influencia negativa do clima nos últimos anos. “Um exemplo foi a forte redução das exportações dos cafés conilon”, exemplifica.