Anuário Brasileiro da Cana-de-açúcar 2016 - page 11

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Transição e recuperação. Os termos es-
tão presentes a todo momento no vigoroso
setor da cana-de-açúcar no Brasil, quando
se analisa os anos de 2015 e 2016, ao mes-
mo tempo em que se manifesta a expectati-
va de uma confirmação futura. Pontos nega-
tivos e positivos frequentam as avaliações,
para chegar à conclusão de que um proces-
so de melhora está em curso, após um pe-
ríodo de severa crise. O objetivo de todos é
de que essa realidade siga daqui para frente,
com situações e regulações duradouras, ao
lado de necessários ajustes internos.
Já no ano de 2015 foram observadas al-
terações positivas nos mercados dos pro-
dutos da cana, o açúcar e o etanol, em fun-
ção da melhoria no preço do alimento,
com menor produção e câmbio favorável,
e aumento da demanda do biocombustí-
vel, com medidas de apoio. Condições cli-
máticas ainda estiveram mais favoráveis,
houve também ganhos ambientais e ener-
géticos em razão de protocolo existente na
área, lembra André Rocha, presidente do
Fórum Nacional Sucronergético, sem es-
quecer, no entanto, da elevação de custos
e da retração da economia brasileira.
Essa desaceleração econômica no País
não impediu que a cadeia produtiva regis-
trasse expansão de 5% na renda em com-
paração a 2014. O valor apurado pelo
Centro de Estudos Avançados em Eco-
nomia Aplicada (Cepea), ligado à Esco-
la Superior de Agricultura Luiz de Quei-
roz (Esalq), da Universidade de São Paulo
(USP), é de R$ 113,27 bilhões, consideran-
do insumos, atividades primárias, indús-
tria e serviços. É um dos maiores do agro-
negócio brasileiro, inclusive acima da
soja e superado apenas pela bovinocultu-
ra de corte, em cinco cadeias analisadas.
O resultado, conforme avaliou Edu-
ardo Leão de Sousa, diretor executivo da
União da Indústria de Cana-deAçúcar (Uni-
ca), em junho de 2016, traduz “a pujança
do setor da cana na agricultura nacional,
mesmo em um cenário setorial ainda bas-
tante complicado, com muitas usinas em
dificuldades financeiras, e cenário nacio-
nal agravado pela desaceleração econômi-
ca e pela falta de confiança”. Por isso, ain-
da não via “uma reviravolta mais vigorosa
e sustentável nas expectativas”.
De qualquer forma, segundo outro estu-
do, da Superintendência Técnica da Confe-
deração da Agricultura e Pecuária do Brasil
(CNA) e do Programa de Educação Conti-
nuada em Economia e Gestão de Empresas
(Pecege), da Esalq, de abril de 2016, “o ce-
nário atual aponta para leve melhora”, com
“recuperação em curso”. Apesar de os cus-
tos crescerem, vê redução neste ritmo e
melhora nos preços dos produtos. No pro-
cesso de recuperação, reforça papel da pro-
dutividade agrícola, da cogeração de ener-
gia e do controle de custos. Espera, a curto
prazo, que volte a capacidade de remunera-
ção da atividade, embora o elevado endivi-
damento ainda impeça investimentos.
Para que a recuperação se sustente, lide-
ranças do setor evidenciam que que deve
haver forte empenho público e privado, e
regras duradouras para a atividade. É citada
contestação de protecionismos e falsos mi-
tos no açúcar, e em especial a definição de
diretrizes permanentes na matriz energéti-
ca, que permitam ampliar o espaço da bio-
energia e reconhecer vantagens ambientais,
sociais e sanitárias do etanol. Conforme An-
tonio de Padua Rodrigues, diretor técnico
da Unica, seria preciso voltar a firmar am-
biente positivo, como o que permitiu dar
o grande salto no setor na década passada,
mas que não sofra interrupção.
Luz no horizonte
Setor sucroenergético brasileiro busca afirmação das melhoras após anos
de crise e endividamento, com ambiente sustentável para o futuro
Importante cadeia produtiva
garantiu renda de R$ 113
bilhões em 2015
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