
Safra e exportações de soja do Brasil se encaminham para atingir novos recordes
outubro 27, 2025Enquanto o mundo busca caminhos para mitigar os impactos das mudanças climáticas e aumentar a segurança alimentar, o Brasil está em uma posição privilegiada para liderar uma das soluções mais promissoras da atualidade: a agricultura regenerativa. Mais do que um conjunto de boas práticas, ela tem se mostrado um modelo capaz de remover carbono da atmosfera, aumentar a produtividade e restaurar a saúde dos solos, transformando o campo em protagonista da transição climática.
A recente emissão dos primeiros créditos de carbono certificados por agricultura regenerativa nas Américas, na Fazenda Flórida (Cassilândia, MS), marca um divisor de águas. Realizado pela NaturAll Carbon e certificado pela Verra sob a metodologia VM0042, esse projeto piloto demonstra que é possível transformar sistemas agropecuários convencionais em agentes ativos de remoção de carbono com base científica, auditoria independente e rastreabilidade.
Do pasto degradado ao solo regenerado: um novo ciclo produtivo
O projeto da Fazenda Flórida partiu de uma realidade comum a muitas regiões do Brasil: pastagens degradadas e produtividades comprometidas. A transição para práticas como plantio direto, integração lavoura-pecuária, cobertura vegetal e rotação de culturas não apenas permitiu o sequestro de carbono no solo, como também melhorou a fertilidade, reduziu o uso de insumos e aumentou a resiliência climática da propriedade.
A quantificação foi feita com a modelagem DayCent, referência internacional desenvolvida pela Universidade do Colorado e calibrada pela NaturAll Carbon para a agricultura tropical brasileira. Esse processo alia amostragens físicas do solo à simulação computacional de dinâmicas biogeoquímicas, gerando créditos com lastro real. O monitoramento é feito com tecnologias como sensoriamento remoto, imagens de satélite e georreferenciamento.
Escalabilidade e integração com a cadeia agroindustrial
O modelo desenvolvido pela NaturAll Carbon foi estruturado como um projeto agrupado, ou seja, novas fazendas elegíveis podem ser incorporadas sem a necessidade de um novo processo de validação. Isso reduz custos, acelera a geração de resultados e democratiza o acesso ao mercado voluntário de carbono para diferentes perfis de produtores.
Essa estrutura também facilita a criação de parcerias estratégicas com grandes empresas do agronegócio. Um exemplo disso é o projeto em desenvolvimento com a AMAGGI, em uma área de 25 mil hectares em Rondônia. A iniciativa reforça o compromisso da companhia com metas validadas pela SBTi e conecta práticas regenerativas à geração de créditos de remoção altamente valorizados no mercado internacional.
O papel do agro brasileiro na economia de baixo carbono
O Brasil é responsável por cerca de 28% das emissões de gases de efeito estufa provenientes do setor agropecuário. Ao mesmo tempo, é um dos poucos países com potencial real para remover carbono em larga escala, com mais de 40 milhões de hectares de pastos degradados identificados pela Embrapa e aptos à conversão para sistemas regenerativos.
Com apoio de empresas especializadas, como a NaturAll Carbon e Carbonext, que passou a integrar parte do capital da empresa, o setor pode estruturar projetos robustos, auditáveis e financeiramente viáveis. Os créditos ALM (Agricultural Land Management) possuem alto valor de mercado, podendo chegar a US$ 50 por tonelada, frente aos US$ 10 a US$ 20 de créditos por conservação (REDD+).
Da transição produtiva ao acesso a financiamento verde
Além da renda com a venda de créditos, produtores com projetos certificados podem acessar linhas de financiamento verde com condições diferenciadas. Bancos e compradores internacionais começam a valorizar grãos e fibras produzidos com práticas sustentáveis comprovadas. Ou seja, é uma mudança com ganhos ambientais, reputacionais e econômicos.
Essa jornada exige comprometimento de longo prazo: os projetos devem garantir permanência das práticas por ao menos 40 anos. É um modelo baseado em transparência, rastreabilidade e adição real de impacto ambiental positivo.
Conclusão
A agricultura regenerativa é a ponte entre o agro que produz e o planeta que precisa se recuperar. O Brasil tem todas as condições para liderar esse movimento global, conectando produtividade e clima. A hora é agora. Do solo nasce a solução.




