Cigarros Convencionais

Cigarro eletrônico tende a acelerar a redução produtiva e do consumo mundial de tabaco nos próximos 15 anos, e o setor vai se transformar

Tendência tem sido apontada em relatórios das entidades internacionais

O equilíbrio entre a oferta e a demanda de tabaco para elaborar cigarros convencionais vai impor grande desafio à cadeia produtiva global nos próximos 15 anos. O alerta foi dado pela Associação Internacional de Produtores de Tabaco (ITGA, na sigla em inglês), em sua assembleia realizada em outubro de 2018 em Santa Cruz do Sul (RS), com representantes de dezenas de países responsáveis pelo abastecimento global.

A preocupação é maior porque, segundo números da consultoria Euromonitor International, depois de o consumo mundial de cigarros ter caído 2,5% entre 2002 e 2017, essa tendência deve se acelerar. Os próximos 15 anos devem representar queda de 25% no consumo de cigarros convencionais, segundo estimativa do Euromonitor.

O prognóstico está baseado na consonância entre quatro ações concomitantes: ações globais antitabagistas, medidas impostas pelos governos, como aumento de impostos e restrições ao uso; crises econômicas nos países em desenvolvimento; e o novo componente, a mudança de hábito dos consumidores diante da expansão do comércio de dispositivos eletrônicos de fumar – aquecidos ou vaporizados – e outras tecnologias que devem surgir como alternativas ao cigarro convencional.

Nos 30 mercados em que já foram liberados, os cigarros eletrônicos alcançam, em média, 15% de participação no consumo. Como se trata de novidade tecnológica, os custos ainda restringem o acesso a todas as classes sociais, mas a tendência é de expansão. Em 2017, a queda na produção de cigarros ficou em cerca de 1%, segundo a ITGA, baseada em estimativas da Euromonitor, passando de 5,505 trilhões de unidades para 5,420 trilhões. Em 2018, o consumo deve girar em torno de 5,3 trilhões.

Vale lembrar que os dados dizem respeito ao consumo legal, uma vez que a participação do cigarro ilegal cresce em todo o mundo e já representa mais de 10% do volume. A preocupação da ITGA é de que a redução na demanda não tem sido acompanhada por queda na produção junto aos países fornecedores. Isso poderá gerar excesso de oferta e queda nos preços e comprometer a renda dos fumicultores num futuro que, ao que tudo indica, pode estar mais próximo do que se imaginava.