Cenário promissor

O consumo interno de óleo deve crescer 9,5%, por causa do biodiesel

O crescimento do mercado interno tem sido o grande motor da produção de óleo de soja no Brasil, que deve confirmar oferta de 8,5 milhões de toneladas na temporada de 2018 e registrar avanço de 2,5% sobre 2017. Os dados são da Associação Brasileira da Indústria de Óleos Vegetais (Abiove). A demanda é alavancada pelas colheitas crescentes do grão e pelo aumento do uso de biodiesel junto à frota nacional. Com isso, o consumo doméstico deverá alcançar 7,750 milhões de toneladas, 9,5% de crescimento sobre as 7,094 milhões de toneladas atingidas na temporada anterior. O restante são volumes exportados e estoques.

A adoção da mistura de 10% de biodiesel ao óleo combustível fóssil (B10) no Brasil a partir de março de 2018 é o principal fator do aumento no consumo interno, segundo Daniel Furlan Amaral, gerente de Economia da Abiove. Também chama a atenção que, em 11 anos, esta será a primeira temporada em que o País terá estoque de passagem tão baixo: 163 mil toneladas. “São números ajustados, em especial pela evolução do consumo interno e pela demanda da matéria-prima”, diz Amaral.

Ele antecipa que tanto o consumo quanto a produção devem se elevar em 2019. “Teremos a adição de biodiesel elevada a 11%, e sucessivamente até 2023, com pelo menos um ponto percentual acrescido ao ano”, enfatiza. Se o mercado interno dá suporte a importantes avanços, em contrapartida as exportações vão cair. O forte volume de compra da soja em grão pelos chineses no Brasil gerou maior oferta norte-americana e a pressão de oferta do óleo dos EUA a preços competitivos na Europa e em outras regiões compradoras. Sem possibilidade de concorrer com os preços da nova safra da América do Norte, o óleo brasileiro deve registrar redução de 10,4% das exportações, ou 140 mil toneladas, de 1,34 milhão para 1,2 milhão de toneladas, conforme projeção da Abiove.

DESTINOS O óleo de soja do Brasil seguiu para mais de 50 países até agosto de 2018. O destaque, por bloco, é o Sudeste Asiático, que demandou 71% do volume exportado, a China com 16%, a África com 6%, Oriente Médio com 4% e Américas com 3% de participação em volume. Em receita, foram movimentados US$ 845 milhões. Para a Abiove, no mercado externo a prioridade é ampliar mercados e avançar também onde o Brasil já está estabelecido, o que, diante da oferta competitiva dos Estados Unidos, se tornou um pouco mais difícil na atual temporada.

De janeiro a agosto de 2018, o Sul do Brasil respondeu por 92% das exportações nacionais de óleo de soja, com o Paraná alcançando 77% (via Porto de Paranaguá), o Rio Grande do Sul, 14% (Porto de Rio Grande) e Santa Catarina, 1% (Porto de Itajaí). Manaus, no Amazonas, representa 6% em volume. A proporcionalidade deve se manter até o final do ano. A expectativa para 2019 é de estabilidade a até de recuperação no mercado externo, pelo menos aos patamares de 2017, a depender de fatores como a oferta, o preço interno e a avidez chinesa pelo grão. A expectativa de uma safra maior, turbinada pelo interesse asiático, ajuda neste sentido.