A colheita da soja foi finalizada nas áreas produtoras da Região Centro-Oeste; Em Goiás e no Mato Grosso, a produtividade foi maior do que da última safra
Na maior parte da Região Norte e no estado do Maranhão, as chuvas superaram 240 mm. Nos estados do Piauí e Ceará as chuvas ficaram entre 120 mm e 150 mm, alcançando 240 mm em pontos isolados. Nos estados do Acre, Rondônia, Tocantins, Paraná e Santa Catarina, as chuvas passaram dos 90 mm ao longo do mês. O nordeste mato-grossense e Goiás tiveram tempo seco, com os menores volumes de chuva do país. Nas demais regiões do Mato Grosso, em São Paulo e em Minas Gerais, as chuvas de abril foram inferiores a 60 mm, e no Mato Grosso do Sul, não superaram 90 mm na maior parte do Estado. Na Bahia, no Rio de Janeiro, no Espírito Santo e no litoral nordestino, o total de chuvas manteve-se entre 60 mm e 90 mm. No Rio Grande do Sul, as chuvas foram mais abundantes, variando de 180 mm a 210 mm, com algumas áreas superando 240 mm.
Devido ao baixo volume de chuvas, houve redução do armazenamento hídrico, sobretudo nas regiões Centro-Oeste e Sudeste, e também em parte da Região Nordeste. Os estados mais afetados foram Goiás, Minas Gerais, Mato Grosso e Bahia, com armazenamento de água no solo inferior a 30%, sendo seguidos por São Paulo e Mato Grosso do Sul, com armazenamento inferior a 45%. Na Região Norte, no Maranhão e no Ceará, foram registrados valores de armazenamento superiores a 75%, enquanto no Piauí, no Tocantins, no Acre e em Rondônia, esses valores mantiveram-se entre 45% e 75%. Na Região Sul, no geral, o armazenamento hídrico também ficou entre 45% e 75%.
Na maior parte do país, predominaram temperaturas máximas entre 29°C e 31°C. Em algumas áreas dos estados do Pará, Amapá, Minas Gerais, Espírito Santo e Rio de Janeiro, as máximas ficam entre 27°C e 29°C. No sudeste do Mato Grosso, no norte do Mato Grosso do Sul, em Goiás, no Piauí e em São Paulo, as máximas atingiram até 33°C. Em quase todo o Paraná e no leste do Rio Grande do Sul, as máximas mantiveram-se entre 25°C e 27°C, no restante da Região Sul, as máximas foras inferiores a 25°C.
As menores temperaturas do país, abaixo dos 16°C, ocorreram nos estados de Santa Catarina e Rio Grande do Sul. No Paraná e nos estados da Região Sudeste prevaleceram mínimas entre 16°C e 19°C. No Centro-Oeste e na Bahia, predominaram mínimas de 19°C a 21°C. De maneira geral, nas regiões Norte e Nordeste, as temperaturas mínimas mantiveram-se entre 21°C e 23°C, com pontos isolados atingindo 25°C.
Tempo e agricultura brasileira
A colheita da soja foi finalizada nas áreas produtoras da Região Centro-Oeste. Em Goiás e no Mato Grosso, obtiveram-se produtividades maiores do que as da última safra. Segundo o IMEA, Instituto Mato-grossense de Economia Agropecuária, a produtividade média das lavouras do Mato Grosso foi de 59,84 sacas por hectare e a produção do Estado de 39,19 milhões de toneladas. Já no Mato Grosso do Sul, obtiveram-se produtividades inferiores às esperadas, em decorrência, sobretudo, das condições meteorológicas menos favoráveis registradas ao longo da safra. A colheita na Região Sudeste também foi encerrada, com produtividades próximas às esperadas nos estados de São Paulo e de Minas Gerais. Na Região Sul, a colheita avança para a etapa final. De acordo com o Departamento de Economia Rural (Deral) do Paraná, 98% das lavouras de soja de primeira safra paranaenses já foram colhidas e a produtividade obtida até o momento foi de aproximadamente 34 sacas por hectare, o que representa uma queda de rendimento de 42% em relação à safra 20/21. Em Santa Catarina, cerca de 93% da colheita foi concluída. Conforme relatório da Emater do Rio Grande do Sul, cerca de 55% das lavouras do Estado já foram colhidas até o momento e os rendimentos estão abaixo do esperado por causa da seca. Projeta-se uma perda de rendimento superior a 50% para as lavouras de soja do Rio Grande do Sul em relação à safra passada. No Matopiba a colheita da soja também se aproxima do fim com bons rendimentos. No Tocantins, 100% das lavouras já foram colhidas e no Piauí e na Bahia, cerca de 95% da colheita já foi concluída. No Maranhão as operações de colheita avançam por todo o território, com aproximadamente 70% das lavouras maranhenses já colhidas.
A restrição hídrica e as elevadas temperaturas registradas durante o desenvolvimento das lavouras de milho de primeira safra da Região Sul prejudicaram, irreversivelmente, o seu potencial produtivo. Em Santa Catarina, no Paraná e no Rio Grande do Sul, 99%, 95% e 82% das lavouras de milho de primeira safra, respectivamente, já foram colhidos, e os baixos rendimentos refletem as condições meteorológicas desfavoráveis sob as quais as lavouras se desenvolveram. Segundo o Deral, a produtividade obtida até o momento nas lavouras do Paraná foi de aproximadamente 111 sacas por hectare, o que representa uma queda de rendimento de 20% em relação à safra 20/21. Para o Rio Grande do Sul, a Emater estima uma produtividade de 57 sacas por hectare, valor 53% menor do que o projetado pela instituição no início da safra. A Emater/RS também reportou que, até o dia 25 de abril de 2022, o número de comunicados de perdas em plantações de soja e de milho, solicitando a cobertura do Programa de Garantia da Atividade Agropecuária (Proagro), cresceu 46,5% em relação a 2021, um reflexo da estiagem que atingiu o Rio Grande do Sul nesta safra. 100% das lavouras paulistas e 68% das lavouras mineiras de milho de primeira safra já foram colhidas e bons rendimentos têm sido obtidos. As lavouras do Maranhão e do Piauí mantiveram-se em boas condições e a colheita está em fase inicial nesses estados. Na Bahia, 47% da colheita já foram concluídos e em Goiás, 80%.
A semeadura do milho de segunda safra já foi concluída em todo o Brasil, entretanto, as condições meteorológicas têm sido desfavoráveis para as lavouras de grandes polos produtores do país. A falta de chuvas em abril e, consequentemente, a baixa umidade do solo restringem o potencial produtivo das lavouras das regiões Centro-Oeste e Sudeste e preocupam os produtores, principalmente dos estados de Mato Grosso, Goiás e Minas Gerais. Caso a estiagem se prolongue, perdas de rendimento poderão se concretizar, uma vez que grande parte das lavouras desses estados encontram-se nas fases de florescimento e de enchimento de grãos, que são muito sensíveis a deficiência hídrica. As lavouras da Bahia também foram afetadas pela falta de chuvas no mês de abril. Já nos demais estados do Matopiba e no Paraná, as chuvas têm sido suficientes para manter as lavouras de milho de segunda safra em boas condições.
A semeadura do algodão já foi concluída em todo o Brasil. No Mato Grosso, com exceção de algumas áreas afetadas pela deficiência hídrica, as condições meteorológicas foram favoráveis para o desenvolvimento das lavouras de algodão, que encerraram o mês nas fases de maturação e de formação de maçãs. Em Goiás e no Mato Grosso do Sul, as condições meteorológicas também favoreceram as lavouras. No Mato Grosso do Sul, as lavouras encontram-se na fase de formação de maçãs e no início da fase de maturação. Em Goiás, as lavouras encontram-se, majoritariamente, no início da fase de maturação. Em São Paulo, onde a colheita já foi iniciada, e na Bahia, as áreas produtoras de algodão tiveram seu potencial produtivo prejudicado pela falta de chuvas. No Maranhão, as lavouras encontram-se em boas condições e já alcançaram a fase de formação de maçãs.
O baixo volume de chuvas no Rio Grande do Sul, insuficiente para reabastecer os reservatórios, limitou a irrigação das lavouras de arroz durante seu desenvolvimento, o que associado a elevadas temperaturas, ocasionou a consolidação de perdas significativas de produtividade. De acordo com o sétimo levantamento de colheita do arroz, publicado pelo Instituto Rio Grandense do Arroz (IRGA), cerca de 88% da área total semeada já foram colhidos, e a produtividade média do Estado é de aproximadamente 168,4 sacas por hectare. Em Santa Catarina, 99% das lavouras já foram colhidas e rendimentos satisfatórios têm sido obtidos. Em outras regiões do país, as operações de campo avançam nos arrozais de terras altas. A colheita já foi concluída em 99%, 77% e 93% das áreas produtoras de Goiás, Tocantins e Mato Grosso, respectivamente.