TABACO É DESTAQUE EM SUSTENTABILIDADE

Com longa história de presença e integração nas comunidades, o tabaco no Brasil foi, já há muito tempo, exemplo de pioneirismo em ações de sustentabilidade, como evidenciam lideranças do setor no Sul, onde hoje se concentra de longe a maior parcela da produção brasileira, além de se manter a sua importância econômica e social no Nordeste, onde está presente desde o descobrimento. A produção sulista, que foi introduzida no século 19 e incrementada no seguinte, apresentou historicamente propostas de trabalho e projetos que garantiram ações à frente do tempo e de outras culturas, possibilitando o desenvolvimento de uma atividade estável, responsável e bem inserida em seu meio, com práticas ambientais, sociais e de governança (ESG) bem incorporadas em sua rotina.

Já com a pioneira introdução em 1918 do sistema integrado de produção no tabaco, que recentemente teve legislação federal abrangendo demais setores agropecuários, como recorda Benício Albano Werner, presidente da Associação dos Fumicultores do Brasil (Afubra), “a produção brasileira foi vanguardista. Teve desde então preocupação de oferecer um tabaco ambiental, social e economicamente mais proeficiente do que em outras culturas, com resultados reconhecidos tanto para o produtor como para as empresas, pelo suprimento garantido e na qualidade desejada, inserindo de forma gradativa e paralela projetos específicos de avanços nesta área”.

Para maior destaque e evolução nessas questões, Werner cita o surgimento no setor de iniciativas como o Programa Milho e Feijão (hoje também acrescido de Pastagens) após o tabaco, desde 1985. Já antes, e especialmente a partir de 1980, ocorreu incentivo forte junto às propriedades para a produção de mata energética, envolvendo compromisso assumido pela Afubra, o então Sindifumo (hoje Sindicato Interestadual da Indústria do Tabaco – SindiTabaco) e o IBDF (Instituto Brasileiro de Desenvolvimento Florestal, hoje Ibama – Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis), de prover esse recurso para cura do tabaco, preservando a mata nativa.

Na sequência, comenta Werner, surgiu na Afubra o Projeto Verde é Vida, que está completando 30 anos e pelo qual a instituição dos produtores abarcou de forma direta questões de educação ambiental, atenção social e orientação extensiva à saúde e segurança no trabalho, também desenvolvida pela entidade industrial e afiliadas em termos de boas práticas de produção de tabaco. “Foi mais um passo importante, que representou amplo envolvimento e vem contribuindo decisivamente para a sustentabilidade da propriedade rural e do produtor nas mais diversas regiões produtoras dos três Estados do Sul do Brasil”, assinala o dirigente.

 

AÇÕES PRECURSORAS – Na mesma linha, o SindiTabaco relata e enfatiza mais ações do setor, da entidade e das indústrias que foram precursoras, em especial em termos sociais e ambientais. O presidente Iro Schünke reitera, citando como data de referência o ano de 1978, o plantio da mata energética, que ofereceu maior proteção ao bioma Mata Atlântica e resultou, neste particular e no ano de 2011, em inédito termo de cooperação com entidade ambiental, reforçando o trabalho que vinha sendo feito. Da mesma forma, destaca que o pioneirismo se manifestou no combate ao trabalho infantil, com iniciativas educativas a partir de 1998, que culminaram na criação do Instituto Crescer Legal ligado ao SindiTabaco, ao lado de projetos próprios desenvolvidos pelas empresas.

Ainda mais atitudes pioneiras são registradas pelo dirigente da entidade industrial, como o recolhimento de embalagens vazias de produtos fitossanitários, desde 2000. E além de outras iniciativas diferenciadas, conforme lembra, mais que dobrou nos últimos anos o uso do cultivo mínimo e plantio direto entre as práticas conservacionistas de solo e água na produção, por orientação das empresas. “A cadeia produtiva do trabalho está sempre à frente de outras no que tange à responsabilidade social e à preservação ambiental, e em termos mundiais, está bem na dianteira de outros países nestas questões”, arremata Schünke.

(Texto publicado no Anuário Brasileiro do Tabaco 2021, da Editora Gazeta).