Saúde à mesa
Os consumidores têm aumentado seu entendimento sobre os alimentos que consomem e se preocupam cada vez mais em saber a origem, os processos produtivos envolvidos no campo e os benefícios da ingestão desses produtos para a saúde. Essa maior consciência favorece o crescimento dos orgânicos no Brasil, em especial porque o segmento apresenta a rastreabilidade e os valores sustentáveis que as pessoas buscam. Outro ponto fundamental para a expansão desses alimentos é a regulamentação do setor, ocorrida em 2011. Por meio de um selo nacional, é possível identificar o produto orgânico de maneira segura.
Para Ming Chao Liu, coordenador executivo do Projeto Organics Brasil, as estatísticas comprovam que, mesmo na situação de recessão atravessada pelo País, a cadeia produtiva orgânica tem se destacado com taxas positivas. Embora não tenha números oficiais de produção, o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) apresenta a cada ano relatório do cadastro nacional de produtores, que aponta avanço na ordem de 30% no número de unidades produtivas cadastradas de 2015 a 2016.
“Temos monitorado algumas certificadoras por auditoria e observado que também há crescente número de consultas para certificação de produtos”, explica. Além disso, aponta que existe quantia maior de produtos processados surgindo nas prateleiras nos últimos meses. Em 2015, o faturamento do mercado de orgânicos no País ficou na ordem de R$ 2,5 bilhões. Para 2016, a projeção é fechar perto de R$ 3 bilhões. Embora reconheça que o setor ainda é pequeno, o diretor executivo do Conselho Brasileiro de Produção Orgânica e Sustentável analisa o cenário como promissor.
“Temos realizado pesquisas em algumas capitais e notamos que cerca de 60% a 70% dos consumidores já experimentaram alimentos orgânicos”, cita. “O grande desafio é aumentar a faixa de pessoas que repetem o consumo após a primeira compra”. Liu ressalta também o crescimento das exportações na ordem de 20% a 25% entre 2015 e 2016. Em 2015, as empresas fecharam os embarques em US$ 136 milhões. “Acreditamos que encerraremos 2016 com volume perto de US$ 150 milhões”, projeta. Os principais compradores dos orgânicos brasileiros são Estados Unidos, Alemanha, Reino Unido, França, Itália, Canadá e Japão.
“Artigos como guaraná, erva-mate, açaí, andiroba, baru, cacau, castanhas e frutas tropicais são exemplos da riqueza que temos e que o mercado internacional valoriza”, salienta. A projeção é de que os orgânicos continuem sua trajetória de expansão à medida em que a população segue sua busca por alimentos saudáveis e seguros. Os diferenciais dos produtos orgânicos nacionais também atraem as atenções de investidores externos, que buscam entrar no mercado nacional. Recentemente, a empresa Jasmine foi comprada pelo grupo japonês Otsuka.
EM BUSCA DE EQUIVALÊNCIA
Grandes mercados de orgânicos, como Estados Unidos, Suíça, Japão, Coreia do Sul, Argentina e Comunidade Europeia, possuem reconhecimento mútuo de suas regulamentações, facilitando questões de rastreabilidade. Até o momento, o Brasil é um dos grandes países produtores que ainda não selou nenhum acordo de equivalência. Conforme o coordenador executivo do Projeto Organics Brasil, Ming Chao Liu, isso acontece porque no País há três formas de certificação (auditoria, participativa e controle social), enquanto no mercado internacional só há o reconhecimento através de auditoria. “Esse é um assunto que deverá ser debatido no futuro, mas que no momento não parece ser prioritário, uma vez que o foco da regulamentação nacional visa o desenvolvimento do mercado interno”, menciona Liu.
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