Ricardo João Santin
Presidente da ABPA

Temos que deixar o nosso churrasco mais colorido, não abandonando a carne bovina, mas criando alternativas que também são saborosas.

Dado apresentado pelo presidente da Associação Brasileira de Proteína Animal, Ricardo Santin, mostra potencial do País.

O Brasil é referência na produção de alimentos. A expectativa é de que o País cresça 40% em volume para que possa atender à demanda mundial. A informação foi apresentada pelo presidente da Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA), Ricardo João Santin. Ele disse ao comunicador Rosemar Santos, em entrevista à Rádio Gazeta FM 107,9, que essa evolução deve ser feita com a manutenção da ideia de sustentabilidade e de cuidado com o ambiente e o bem-estar animal.

Atualmente, os produtores brasileiros são os maiores exportadores mundiais de aves, representando 33% da movimentação, e ocupam o quarto posto na comercialização de carne suína. “Ambos trouxeram para o País US$ 10,5 bilhões, representando na cotação atual quase R$ 47 bilhões”, apontou. Além da questão financeira direta, há a contratação de 4 milhões de trabalhadores, sendo 500 mil de “chão de fábrica”.

Para dar suporte a esse desempenho esperado, entidades representativas de setores como aves, suínos, biodiesel e bioquerosene, bovinos, animais de estimação (pets), pescado, rações e reciclagem animal criaram o ProBrasil – Proteínas Brasil, reunindo oito associações. A intenção é articular a área de proteínas, com sua logística e abastecimento, em busca de soluções para os problemas da cadeia produtiva. “Trabalhamos questões transversais
para os setores, como o projeto de autocontrole, que regulariza a fiscalização dos frigoríficos, o que melhora a carreira do auditor fiscal federal agropecuário.” Santin reforçou que a iniciativa representa o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento com força, ajudando na certificação das exportações e dos alimentos que chegam à mesa dos brasileiros.

Alto custo é problema

Ricardo Santin entende que o alto custo da produção tem prejudicado alguns dos setores que exportam proteína. No caso do mercado de ovos, por exemplo, diz que alguns produtores tiveram de parar porque não conseguiriam pagar a manutenção, devido ao aumento dos preços do milho e do farelo de soja. Isso fez com que fosse percebida estabilização neste ano.

De qualquer forma, é uma área que vem apresentando elevação de consumo interno na última década. Com as campanhas de incentivo, a média anual passou de 128 para 250 ovos per capita entre os brasileiros. A produção aumentou para 2,6 mil ovos por segundo. “Deixou de ser o vilão e passou a ser o herói. Deixou de ser gerador de colesterol para se tornar o melhor alimento disponível na natureza, depois do leite materno”, enalteceu.

O País também tem ampliado o leque de produtos a serem comprados pelo mundo. Os Estados Unidos têm importado tilápia de cultivo brasileiro. As negociações já superam mil toneladas por mês.

Enquanto isso, no mercado interno, alguns produtos, como a carne bovina, estão com preços altos. A alternativa, indica Santin, é buscar opções como o frango e o suíno. “Temos que deixar o nosso churrasco mais colorido, não abandonando a carne bovina, mas criando alternativas que também são saborosas.” Ele acredita que os preços devem ter diminuição no segundo semestre, com a esperada redução do valor do milho, motivada
pelo aumento da oferta com a colheita da safrinha.

Orgulho da credibilidade no mercado internacional

Os resultados do Brasil têm apresentado evolução, explica Ricardo Santin, pela forma responsável como o País cuida dos animais, com a garantia do bemestar, atendendo a regras que dão conforto e segurança sanitária para quem se alimentará com os produtos nacionais. “É um grande orgulho, mas traz uma grande responsabilidade ao Brasil e aos produtores, em manter as prateleiras com essas proteínas, que são essenciais na alimentação”, afirma.

Tamanho é o reconhecimento que foram criadas as “fake ofertas”. Os golpistas se passam por negociadores brasileiros para garantir a credibilidade no mercado internacional. “Chegam a alugar salas aqui no País para receber possíveis compradores, mas na verdade não produzem nada aqui”, conta. Diante disso, a ABPA elaborou campanha mundial alertando sobre a possibilidade de falsificação, indicando os possíveis clientes a buscarem, com órgãos oficiais, os endereços e o aval da idoneidade de quem está comercializando.