Para ficar na história

Bienalidade positiva no arábica e clima adequado favorecem essa safra

Os primeiros grãos de café nem haviam sido colhidos e as estimativas sobre a produção total da nova temporada já entusiasmavam o setor. A colheita deveria começar em março e seguir até outubro, sendo intensificada entre maio e agosto. No ciclo 2018/19, o volume colhido deve ser recorde, de acordo com previsão da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), divulgada em janeiro. A produção está estimada entre 54,4 e 58,5 milhões de sacas de 60 quilos de café arábica e conilon, representando variação positiva entre 21,1% e 30,1% em relação ao ano-safra de 2017, quando atingiu 44,97 milhões de sacas. O desempenho do café é acompanhado pela estatal desde a safra de 2001.

Os dois volumes estimados – ou a média desses (56,48 milhões de sacas) – são superiores aos registrados nas safras antecedentes. Até o momento, a maior produção, de 51,37 milhões de sacas de café, foi obtida na safra de 2016, ano par e de bienalidade positiva. Na safra em curso, conforme a Conab, o País deverá colher entre 41,74 e 44,55 milhões de sacas de café arábica, com acréscimo médio de 26%. A previsão para a produção de conilon é de 12,7 a 13,96 milhões de sacas, com incremento médio de 24,3%. Porém, a Conab observa que as projeções iniciais são passíveis de correções e ajustes ao longo do ano-safra.

As altas previstas devem-se ao ciclo de alta bienalidade, sobretudo em cafezais da espécie arábica; às condições climáticas favoráveis e ao uso de novas tecnologias. “A perspectiva de colheita de grande safra no Brasil vai se tornando cada vez mais real”, declara Djalma de Aquino, analista de mercado da Conab. Em março de 2018, a ocorrência abundante de chuvas nas regiões produtoras de café beneficiou o desenvolvimento das plantas e, em consequência, a formação normal dos grãos. A consolidação desses volumes ainda vai depender das condições do clima ao longo do restante do ano, o que também pode interferir na qualidade dos grãos.

O levantamento da Conab prevê produtividade média entre 28,41 e 30,54 sacas por hectare, com alta de 17,7% a 26,5% na comparação com a média da temporada de 2017. O aumento de produtividade deve ocorrer em quase todas as principais regiões cafeicultoras, em todos os estados do Norte e do Nordeste e no Mato Grosso, onde domina o cultivo de conilon. No Norte de Minas Gerais, a expectativa é de produtividades superiores, em função da previsão de melhores condições climáticas.

A área destinada ao plantio de café (arábica e conilon) soma 2,2 milhões de hectares em 2018, com redução de 0,2%. Desse total, 286,5 mil hectares (13%) estão em formação e 1,92 milhão de hectares (87%) encontram-se em produção. No Paraná, a área plantada apresentou diminuição de 10,8%, passando de 46,1 mil hectares para 41,1 mil hectares em 2018. Os cafeicultores reduziram a lavoura com a intenção de melhorar a eficiência através da adoção de tecnologias e, assim, obter maior renda.


ALGUMAS DIFERENÇAS

Outras projeções de safra de café são feitas no País, além da previsão da Conab. O Conselho Nacional do Café (CNC), por exemplo, estima que a safra oscilará entre 50 e 52 milhões de sacas de 60 quilos em 2018. A oferta de arábica poderá variar entre 38 e 39 milhões de sacas e a de conilon entre 12 e 13 milhões de sacas. Conforme o CNC, em algumas regiões, a estiagem ocorrida na época da florada em 2017 prejudicou o desenvolvimento dos chumbinhos, podendo comprometer a produtividade. Também avalia que os volumes minímo ou máximo projetados serão suficientes para, somados aos estoques, atender o consumo interno e a demanda externa.

Para a consultoria Safras & Mercado, a produção de café do ano safra 2018/19 deve ficar em 60,5 milhões de sacas de 60 quilos, com aumento de 20%. A colheita de arábica deve totalizar 44,8 milhões de sacas e a de conilon, 15,7 milhões de sacas. A sondagem foi realizada junto a cooperativas, produtores, exportadores, comerciantes, armazenadores e secretarias de Agricultura. De acordo com a consultoria, as lavouras de arábica que atrasaram as floradas devido à seca e à temperatura acima da média no início da primavera em 2017 conseguiram se recuperar. Além disso, a maior produção prevista para o conilon iria se refletir no total de café do Brasil.