Na balança

Principais hortaliças registraram alguma diminuição de área em 2019, mas a expectativa é de que possa ocorrer recuperação para nova temporada.

Os cultivos de hortaliças mostram pequenas oscilações para baixo e para cima, sem grandes alterações. Em 2019, os levantamentos existentes revelam certa estabilidade e leve redução nos números das principais culturas olerícolas brasileiras, como batata, tomate e cebola, enquanto alface e cenoura registram algum aumento. Para 2020, de maneira geral, com maior rentabilidade verificada no setor, a perspectiva manifestada na passagem de ano era de que pudesse haver crescimento na área das hortaliças mais plantadas, porém em índices comedidos.

O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), no seu Levantamento Sistemático de Produção Agrícola (LSPA), de novembro de 2019, traz informações dos dois últimos anos em batata inglesa e tomate. A produção praticamente ficou estável, enquanto as áreas reduziram próximo a 1% na primeira e 3% na segunda. A Equipe de HF do Centro de Estudos Avançados em Economia Agrícola (Cepea), da Universidade de São Paulo (USP), também verificou quedas nestas culturas, com exceção da batata destinada à indústria, e também na cebola.

Na batata e no tomate, conforme o centro, que faz pesquisas nas principais regiões produtoras, “a rentabilidade não foi animadora o suficiente em 2018 para elevar os investimentos para o mercado em 2019”. Já o segmento industrial da batata ampliou investimentos, com acréscimo de 14,4% na área cultivada, enquanto o cultivo com destino para mesa teve diminuição de 4%. Foi apurado que menor área e problemas de produção da batata nas temporadas das águas 2018/19 e das secas de 2019 reduziram oferta e aumentaram cotações, menos em outubro e novembro.

Ainda na batata, diante dos bons resultados obtidos como um todo em 2019, a projeção do Cepea era de crescerem investimentos da indústria de pré-frita e aumentar área em 3,6%. No tomate, onde segundo esta fonte a área total teria diminuído 8,4% (2,1% no de mesa e 16% no industrial), as cotações ficaram bem acima dos custos na maior parte do ano e as previsões eram de certa estabilidade para 2020, com possível leve recuo no primeiro, por causa de descapitalização ainda presente, e pequena recuperação no segundo, com a área e a produtividade menores em 2019.

A cebola também apresentou área menor em 2019, conforme o Cepea, devido “à redução de investimentos no Cerrado, em São Paulo e no Vale do São Francisco”, enquanto no Sul a área chegou a aumentar. Assim, incluindo ainda diminuição de produtividade no Cerrado, houve aumento nos preços (38% em nível nacional), o que deve levar a ampliar área no próximo ciclo. Com oferta nacional reduzida, aumentou a importação (mais 81% até novembro, 210 mil t). A cultura registra a segunda maior importação, pois a maior é de batata (275 mil t até novembro, 2% a menos), em especial a industrializada, que, por isso mesmo, motiva investimentos nacionais.

CENÁRIO POSITIVO

Quanto a alface e cenoura, também pesquisadas pela equipe do Cepea, “melhores resultados obtidos na temporada 2018/19 favoreceram maiores áreas em 2019”. O mesmo deve acontecer na alface em 2020 nas regiões acompanhadas (São Paulo, Minas Gerais e Rio de Janeiro), onde houve redução de cultivos na temporada anterior e, mesmo com aumento de custos e menor produtividade em São Paulo, a rentabilidade foi de mais R$ 0,17/caixa em Mogi das Cruzes (SP). A cenoura teve boas altas no primeiro semestre de 2019, com menor área plantada e influência do clima; porém, houve quedas no segundo, com maior oferta. As áreas poderiam crescer em São Gotardo (MG), Cristalina (GO) e Irecê (BA).

De maneira geral, o Cepea observava em dezembro de 2019 um cenário para 2020 “a princípio positivo” para as hortaliças acompanhadas, “com sinais de retomada de crescimento no País e sem tendência de aumento significativo de oferta, embora preocupe o impacto da alta do dólar nos cultos de produção”. A sua estimativa era de crescimento na ordem de 1,2% na área das principais culturas do setor. Além disso, prospectava possíveis influências na implementação futura da Aliança Mercosul-União Europeia, temendo ainda maior importação do segmento.

A produção da olericultura brasileira, no total, dependendo do número de produtores incluídos, oscila entre 15 e 18 milhões de toneladas. A grande preocupação no setor, conforme evidenciou Stefan Adriaan Coppelmans, presidente do Instituto Brasileiro de Horticultura (Ibrahort), no Anuário Brasileiro de Horti & Fruti 2019, da Editora Gazeta, é de avançar sempre mais na profissionalização, para atender a um consumidor cada vez mais exigente e aos requisitos oficiais estabelecidos.