Maior feira nacional da fruticultura ocorre na região

Expofruit 2021 reuniu 360 expositores voltados ao setor frutícola
Evento debateu tecnologias e aumento da produção e exportação

Interrompida por alguns anos devido à pandemia, a Feira Internacional da Fruticultura Tropical Irrigada (Expofruit), considerada a maior feira da fruticultura nacional e a maior no mundo voltada para o melão (produto de destaque da região), voltou a acontecer ao final de 2021 (24 a 26/11) em Mossoró, no Rio Grande do Norte. Realizada por meio de parceria entre o Comitê Executivo de Fruticultura do Rio Grande do Norte (Coex), Serviço de Apoio às Micro e Pequenas Empresas do Estado (Sebrae/RN) e Universidade Federal Rural do Semiárido (Ufersa), o evento procurou valorizar as oportunidades do setor, conforme o tema, e novos mercados, como o chinês, com o chamamento: “Vem ser docinha assim lá na China”.
Saudada por Zeca Mello, superintendente do Sebrae, como a maior Expofruit da história, em sua 24ª edição, a feira atraiu o maior número de expositores (360) e muitos e variados clientes de diversos países, para ampliar laços comerciais e fortalecer contatos presenciais, para os quais a cadeia produtiva estava ávida, segundo Fábio Gueiroga, presidente do Coex. O dirigente do comitê de exportação reforçou que, mesmo dentro de um contexto de sertão, a região é dotada de privilégios para produzir, como: bons níveis de fertilidade (apenas 10% do País ficariam neste patamar), custos mais baixos que outras regiões, e oportunidade de produzir 12 meses ao ano e em até três safras.
Enalteceu ainda, na abertura do evento, assim como em fórum da agricultura, a vocação regional de produzir, e muitos outros ítens além do melão já conhecido para exportação (exemplificando com manga, uva, limão, abóbora), excelentes pesquisas para semiárido feitas pela Ufersa, e empresas externas interessadas. Pontuou que ainda precisam ser vencidos aspectos no plano hídrico para impulsionar todo potencial, assim como no âmbito fiscal e burocrático, além de otimizar processos e reduzir os altos custos atuais para poder seguir. Guilherme Saldanha, secretário da Agricultura do Estado, citou empenho relacionado a licenças ambientais e ampliação da área irrigada, enquanto a governadora Fátima Bezerra, que prestigiou a inauguração, assinou lei de cargos e salários do pessoal do controle sanitário para apoiar o setor.
A relevância do segmento para a região, onde gera 22 mil empregos, foi lembrada no início do evento por Allyson Bezerra, prefeito de Mossoró, segundo o qual o município está situado entre os 20 mais importantes na agricultura do País, onde pretende seguir com iniciativas como projetos de capacitação, junto com o Sebrae, e oferta de água a mais pontos de produção. Um estudo apresentado no referido fórum, pela Universidade Estadual (UERN), sobre melão, melancia, manga e mamão na região, registrou 14.328 empregos diretos em 2018, com recuperação após período de seca crítica, e crescimento mesmo assim em diversos aspectos na melancia e estabilidade em outros produtos, conforme expôs o professor José Mairton Figueiredo de França, ressaltando que “a fruticultura irrigada torna o setor resiliente e resistente às secas”.
SEGURANDO AS PONTAS
Francisco Soares, outro professor da universidade, enalteceu que, mesmo diante de crescimento econômico baixo no Brasil em 30 anos, o setor agrícola no País e a fruticultura no Rio Grande do Norte “tem segurado as pontas” e pode contribuir cada vez mais para o futuro, se dinamizado. No estudo feito pela instituição, foi projetado que um milhão de reais a mais na venda da produção pode ter efeito de 89% em emprego, 54% em renda, 58% em valor adicionado, 47% na produção e 39% nos tributos. Já no plano das pesquisas e novos produtos, a federal Ufersa mostrou trabalhos experimentais com pitaya, morango, maracujá, figo e uva, que se apresentam promissores para as condições da região.
Quanto a novos mercados, a China e seu grande potencial mereceram atenção especial, inclusive com reunião virtual entre representantes do setor e do consulado da China em Recife/PE, participando a consulesa geral Yan Yuqing e o cônsul comercial Shao Weiong. Lembrou-se o começo de tratativas há cerca de 10 anos, acordo comercial assinado em 2019 pela ministra brasileira Teresa Cristina, segurança sanitária em relação a pragas, destacada pelo produtor Luís Roberto Barcelos e reforçada por Roberto Papa, do Ministério da Agricultura, e o início de operações experimentais para chegar a navio exclusivo e com prazo menor de chegada, o que se pretende concretizar o mais breve possível. O importante, ressaltaram porta-vozes do segmento, é que o mercado foi aberto e deve ser decisivo para ampliação produtiva e exportadora desta forte região da fruta no País, que está preparada para dar mais este passo à frente no desenvolvimento da fruticultura regional e nacional.