ENERGIA RENOVÁVEL DO SOL

Além de ser fundamental para o desenvolvimento do tabaco, a incidência do sol nas lavouras e propriedades rurais tem se transformado em energia limpa e renovável na cadeia produtiva. Uma inovação nos sistemas de geração de eletricidade fotovoltaica tem garantido um melhor uso da energia gerada a partir do sol dentro da propriedade. A tendência é que esta tecnologia maximize ainda mais o aproveitamento, reduzindo assim a compra externa de eletricidade.

A evolução deste sistema chama-se “on-grid”, e vem ganhando espaço nos últimos dois anos. Ele tem como principal característica o “autossustento”, ou seja, é um sistema não conectado à rede elétrica, que armazena a energia solar excedente em baterias para ser utilizada quando não houver produção. Ou seja, é possível fazer o bombeamento de água com energia solar sem necessidade de interligação com a concessionária de energia local.

Segundo o gerente de Eficiência Energética da Associação dos Fumicultores do Brasil (Afubra), Eliéser do Prado Bastos, o uso da energia solar pode ser uma ótima alternativa para o campo. “A grande maioria da população, quando pensa em energia solar, ainda a relaciona ao meio urbano, mas este quadro vem mudando pelo alto consumo de energia que os produtores rurais demandam com as produções agrícolas, desde estufas elétricas para a cura do tabaco, como motobombas para irrigação, eletrificadores de cerca, silo secador, entre outros”, garante.

Na vanguarda do aproveitamento do sol, com o uso da tecnologia “on-grid”, Bastos explica que futuramente a tendência será a de explorar ao máximo a propriedade. Com isso, tendo o melhor rendimento por hectare, utilizando para este fim a união das tecnologias solar fotovoltaica, irrigação e monitoramento on-line. Segundo ele, o produtor rural terá em um equipamento como o celular, as informações atualizadas como a produção de energia, o controle sobre as áreas de irrigação e sobre a umidade e temperatura do solo, tudo ao toque da sua mão. “Estas informações auxiliarão na gestão do negócio e gerarão um caderno de campo onde dados da produção podem ser analisados para uma melhor tomada de decisão.”

A POTÊNCIA DO SOL – Beatriz Kussler é produtora de tabaco há 38 anos. Em Linha Henrique D’Ávila, no interior de Vera Cruz, a propriedade de 30 hectares da família dela tem uma instalação com 48 placas de painéis solares em funcionamento. Ao lado do marido Martin e do filho Jeferson, a família é responsável pelo plantio médio de 120 mil pés de tabaco a cada nova safra. “Tínhamos um consumo de energia elétrica expressivo. O valor mensal que pagávamos para a companhia elétrica cobre a mensalidade de todo o novo sistema e ainda sobra troco”, contabiliza.

A energia fotovoltaica movimenta três estufas LL e mais seis outras menores. Uma bomba de água, um triturador de pasto, três freezeres, televisor, geladeira e outros eletrodomésticos fazem parte do rol de equipamentos movidos com a força do sol. O uso desta tecnologia na vida dos Kussler já era uma alternativa há algum tempo. “Nós precisamos nos preparar para o amanhã. Penso no nosso futuro quando nos aposentarmos assim como no do meu filho, que seguirá aqui mantendo a propriedade. Sei que, além da redução na nossa conta de luz, ainda contribuo positivamente com o meio ambiente”, complementa a produtora.