Corte na renda

Pesquisa vê variação positiva da margem do etanol na área de expansão

Depois de um ano de variações positivas nos valores recebidos, o setor da cana-de-açúcar apresentou redução no faturamento em 2017, de acordo com levantamentos do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea), da Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz (Esalq), na Universidade de São Paulo (USP), em parceria com a Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA). No Produto Interno Bruto (PIB) do Agronegócio divulgado em abril de 2018, os organismos observam que o resultado negativo verificado na matéria-prima em 2017 atingiu 3,96% e deu-se pela queda tanto da produção (3,28%) quanto dos preços (0,70%).

Na indústria açucareira, o estudo observou recuo de preços na ordem de 16,23%, o que, ao lado do aumento de 1,99% na produção, determinou queda de 14,57% no valor faturado em 2017, em contraposição ao ano anterior, quando havia valorização maior do produto com déficit mundial então ainda presente. Em relação ao outro derivado, o etanol, mesmo com alta nas cotações ocorrida nos meses finais de 2017, houve também redução de faturamento, em faixa semelhante (14,71%), a partir de menores preços (12,31%) e produção (2,73%).

Outro trabalho, feito pelo Pecege Projetos – Programa de Educação Continuada em Economia e Gestão de Empresas da Esalq – na região Centro-Sul do Brasil, entre a safra 2007/08 e o ciclo 2017/18, e publicado em julho de 2018, mostra resultados favoráveis ao etanol na chamada área de expansão desta região, que reúne os estados de Goiás, Minas Gerais, Mato Grosso e Mato Grosso do Sul. O levantamento revela crescimento próximo a 30% do mix de etanol nas usinas de cana-de-açúcar destes estados, enquanto em São Paulo e Paraná, na parte considerada tradicional e com menor flexibilidade na estruturação das plantas industriais, o acréscimo correspondeu a 1,5%.

Por outro lado, a amostra apurou rentabilidade diferenciada entre as regiões no intervalo das duas safras. O custo de produção de etanol anidro variou 17,4% na região de expansão (de R$ 1.487,00 por m3 para R$ 1.746,00 por m3) e 25,8% na tradicional (R$ 1.428,00 a 1.796,00 por m3). Já as margens do produto, considerado custo total (operacional, depreciações e remuneração de capital e terra), no ciclo 2007/08 ficavam próximas de menos 10% (expansão) e menos 6% (tradicional), enquanto no período 2016/17 eram de mais 1,1% na primeira e menos 3,8% na outra. Aline Bigaton, pesquisadora do Pecege, avaliou que o etanol, “além de promissor como um dos biocombustíveis mais sustentáveis, ainda apresenta evolução positiva nas perspectivas econômicas de quem o produz”.