CERTIFICAÇÃO EM ALTA

A Associação Internacional de Soja Responsável (RTRS, na sigla em inglês) completou dez anos de certificação no mundo em outubro de 2021. A adesão global só cresceu desde quando as primeiras fazendas foram certificadas, em outubro de 2011, segundo o consultor externo da associação no Brasil, Cid Ferreira Sanches. “A busca por sustentabilidade em todos os negócios é algo que não tem volta, sempre haverá novas adesões e o crescimento é constante”, ressalta. Conforme ele, nesta década, a adesão sempre cresceu, principalmente após 2015, quando o padrão RTRS estava mais compreendido entre produtores, associações, fundações, sindicatos e consultorias agrícolas.

Fundada em 2006, a entidade busca promover o uso e o crescimento da soja sustentável e, por meio do Padrão RTRS, aplicável no mundo todo, garantir uma produção ambientalmente correta, socialmente adequada e economicamente viável. A produção mundial de soja com a certificação totalizou 4,8 milhões de toneladas, em área de 1,371 milhão de hectares em 2020, de acordo com a entidade. Esses resultados ainda impactaram na certificação de 9.536 fazendas e 74.573 funcionários em 2020. Também envolveu a proteção de 563.047 hectares. Foram concedidos 9.536 certificados, dos quais 5.197 agr-CoC (Agrícola e Cadeia de Custódia), 4.302 NGMO (não transgênico), 32 BFLS (Biofuels/biocombustível) e 5 AGR (Agrícola).

O Brasil liderou com a produção de 3,683 milhões de toneladas em 2020, em área de 980,248 mil hectares, representando 3,5% do volume total produzido e 3,41% de toda a área plantada no País, conforme a RTRS. “Mais de 80% do volume de soja certificada RTRS no mundo é de origem brasileira”, destaca. Os dados de 2021 deverão ser divulgados ao final do mês de janeiro de 2022.

Um total de 11 estados brasileiros foram responsáveis pela produção de soja RTRS. O Mato Grosso liderou com a maior parte de soja certificada, de 1,781 milhão de toneladas, 5% do total produzido pelo Estado. O segundo maior resultado, de 767,251 mil toneladas e 24,5% de toda a produção, foi do Maranhão. Os dois foram seguidos pelo Piauí, com 323,989 mil toneladas e 12,65% do todo, e pela Bahia, com 313,815 mil toneladas e 5,1%.

De acordo com Sanches, uma parte da soja certificada é consumida no mercado interno por empresas membros da associação com compromissos globais de sustentabilidade. Porém, a maior parcela é exportada para clientes principalmente da Europa. “A expectativa é que a área certificada pela RTRS cresça mais de 20% no Brasil em 2021”, projeta. Aponta que há novos grupos de produtos sendo criados e novas regiões expandindo a certificação, como no Sul do Brasil, onde antes havia poucos produtores certificados.

O consultor destaca que até hoje não houve nenhuma empresa que deixou de comprar material certificado RTRS depois da primeira aquisição e também são raros os casos de produtores que pararam com a certificação. O RTRS faz parte do pilar socioambiental de metas ESG (Environmental, Social and Governance, na sigla em inglês) de muitas empresas que lançaram suas metas e relatórios. “As empresas engajadas encorajam seus fornecedores, que, assim, formam uma rede de suprimento de material certificado de soja com rastreabilidade de sustentabilidade”, observa.

NOVOS ALIADOS – Um total de 40 novos sites (unidades) foram certificados pelo Padrão RTRS Cadeia de Custódia nos primeiros seis meses de 2021. A Cadeia de Custódia é composta por unidades industriais, silos, esmagadoras, transbordos, processamento de alimentos e de rações, beneficiamento dos derivados da soja e portos. “Possui uma certificação específica da RTRS, garantindo a rastreabilidade dos grãos”, explica Cid Sanches. Em 2020, a associação já havia registrado a certificação recorde de 67 unidades. As novas 40 unidades certificaram Cadeia de Custódia RTRS para comercializar soja física, incluindo, em alguns casos, o alcance não-OGM RTRS.

Entre 2011 e 2018, a certificação de custódia alcançava 47 unidades em três países: Argentina, Brasil e Tailândia. Em 2019, foram registrados oito novas unidades certificadas, situadas em cinco países, entre eles a Itália e a Turquia. Em 2020, 67 novas unidades certificaram pela primeira vez, incluindo 20 portos e um terminal de transbordo. Esse número representou alta de 88% em relação ao ano anterior. Também foram incorporados cinco novos países (Alemanha, França, Índia, Países Baixos e Paraguai) para receber, processar e comercializar soja física certificada RTRS.

No Brasil, a COFCO International certificou 26 sites em nome das entidades COFCO Brazil Overseas Ltda e COFCO International Grains Ltda. A certificação abrange 15 unidades de armazenamento em 13 municípios do Mato Grosso. Além disso, para processar soja em pellet, a COFCO certificou uma processadora de soja em Rondonópolis. Também integra operações em terminais portuários e escritórios comerciais em São Paulo, além de escritórios comerciais no interior de Mato Grosso.

Estes novos sites certificados se somaram à lista de 122 organizações certificadas por Cadeia de Custódia RTRS até dezembro de 2020. Com isso, soma-se 162 sites certificados para receber, processar e comercializar soja física certificada RTRS. Entre eles há 26 portos e dois centros de transbordo na Argentina, Alemanha, Brasil, Paraguai e Uruguai. A certificação Cadeia de Custódia RTRS é aplicável ao longo de toda a cadeia de abastecimento e garante a rastreabilidade da soja física certificada pelo Padrão RTRS para a Produção de Soja Responsável.

(Publicado no Anuário Brasileiro da Soja 2021, Editora Gazeta)