Abertura da Colheita: Arroz cresce em ponto de equilíbrio
Área de cereal no Rio Grande do Sul, que responde por 70% da produção nacional, aumenta 7% em 2023/2024
Fotos de Rodrigo Assmann:
– Evento da abertura da colheita acontece em Capão do Leão, no Sul do Estado
– Machado, Irga: atenção ao mercado e clima
– Alexandre, Federarroz: exigência de cautela
Com 0,8% da área colhida de arroz na safra 2023/2024 até o momento, ocorre nesta semana a 34ª Abertura Oficial da Colheita de Arroz e Grãos em Terras Baixas no Estado, responsável por 70% da produção nacional do cereal. O evento, que tem por local a Estação Experimental Terras Baixas da Embrapa Clima Temperado em Capão do Leão, na região Sul, iniciou quarta -feira, teve solenidade oficial de abertura ao final do dia de ontem, com a presença do governador Eduardo Leite, e se encerra hoje, com ampla programação.
Durante a realização, o Instituto Rio-grandense do Arroz (Irga) anunciou o fechamento dos números de área dedicada à cultura no Estado nesta temporada, que deverá alcançar 900 mil hectares, um acréscimo de 7,17% sobre o ciclo anterior, que teve o menor cultivo histórico, próximo a 840 mil hectares. Conforme o presidente do instituto, Rodrigo Machado, o aumento do plantio ocorre dentro de um ponto de equilíbrio, voltando à faixa próxima ao ciclo de 2021/2022, de 927 mil hectares, e reflete o sistema de produção adotado, de produtores multigrãos, em que se insere a soja em terras baixas, junto com milho e pecuária.
Houve algum incremento no arroz e redução da soja nesta safra (esta ficou em 422 mil hectares, menos 16,55% sobre a anterior), com um ajuste dentro da realidade de preços maiores do cereal e menores na oleaginosa, e do clima no qual áreas que estavam destinadas à soja, com maiores precipitações e inundações, foram ocupadas pelo arroz, explica Machado. Também o presidente da Federação das Associações de Arrozeiros do Estado (Federarroz), Alexandre Velho, ressalta a importância do atual sistema de produção incentivado no setor, que “traz sustentabilidade e contribuiu para melhoria das cotações, com ajuste de oferta e demanda”.
O sistema, além da rotação de culturas, dá atenção à cobertura do solo no inverno com pastagens, e permite também melhorar a produtividade, importante para enfrentar altos custos, comenta Alexandre. Nesta safra, informa que os custos de produção chegaram a diminuir (entre 5 e 10%), “mas temos que manter bons resultados nesse aspecto, porque não existe garantia nenhuma de que não voltem a subir”, diz. Relata também que, nesta temporada, deverá ocorrer redução de produtividade, calculada por ora em cerca de 5%, “em função de dias mais nublados e menor luminosidade no período reprodutivo das plantas”.
Mas, de modo geral, a expectativa é de que se obtenha boa safra, tanto em termos de preços, ainda em bom nível, e com volume que não pode ser previsto ainda, mas que certamente garantirá novamente o abastecimento do mercado interno, além de direcionar parcela para o externo, observa Rodrigo Machado, pelo Irga. Por parte da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), a estimativa lançada no início deste mês é de que a safra gaúcha teria aumento de 7% (mesmo índice levantado pelo Irga) e a produtividade, até então projetada, chegaria a 8,3 mil quilos/hectare (mais 3,3% sobre a do ano anterior), o que daria acréscimo de 10,5% na produção (mais 10,5%), para 7 milhões e 662 mil toneladas.
NOVO MOMENTO
Ainda na avaliação do presidente da Federarroz, entidade promotora do evento, “este novo momento da orizicultura, com melhores resultados, requer cautela por parte dos produtores, em manter o sistema de produção sustentável indicado, com uma gestão cada vez mais eficiente e profissional. “Gestão potencializando safras”, estendida não só às atividades agrícolas e agronômicas, mas também à gestão das pessoas, administrativa e econômico-financeira, inclusive é o tema central enfocado no evento de abertura da colheita. Nele recebem espaço especial questões amplas de sustentabilidade e de inovações em vários aspectos.
Matéria por: Benno Bernardo Kist