A safra das safras

Além do recorde em volume, uva apresentou qualidade raramente vista

Com 1,68 milhão de toneladas de uvas colhidas no ciclo 2017/18, o Brasil ainda degusta a maior safra de sua história, que, além de volume recorde, apresentou qualidade raramente vista. O desempenho marcou também a cura dos resultados traumáticos do período 2016/17, que será lembrado por muito tempo pelos produtores da Região Sul devido aos severos problemas climáticos, que ocasionaram a queda de 52,79% na produção em relação à temporada anterior, principalmente no Rio Grande do Sul, responsável por mais de 56% da produção nacional.

Por isso, o aumento de produção de 131,34% no ciclo 2017/18 em relação à etapa 2016/17 no Estado não pode ser avaliado de forma isolada. A comparação mais realista é com a safra 2015/16. Em relação àquele período, o avanço chegou a 9,21%. Embora a recuperação gaúcha e até mesmo o avanço produtivo tenham aliviado o mercado, outros estados também foram protagonistas na maior safra de uva da história do Brasil. “O incremento da produção em Pernambuco e no Espírito Santo merece destaque. O primeiro colheu 390,3 mil toneladas em 2017, o que representa 60,64% a mais do que no ano anterior. Já o segundo retirou das videiras volume 46,13% maior de frutas, atingindo 3,6 mil toneladas”, frisa a pesquisadora Loiva Maria Ribeiro de Mello, da Embrapa Uva e Vinho, situada em Bento Gonçalves (RS). Ela ressalta que Pernambuco e Espírito Santo foram os únicos a apresentarem aumento da área de cultivo.

Aliás, em 2017, a área plantada com videiras no Brasil foi de 78.028 hectares, 0,67% inferior à verificada no ano anterior, o que significa que os méritos da atual safra estão na produtividade alcançada. O elevado nível de produção serviu para repor os estoques do setor industrial, afetado pela falta de matéria-prima no ciclo 2016/17.

E a previsão para a nova safra, do ciclo 2018/19, é de volume e qualidade elevados, semelhantes à mais recente. “Os prognósticos são todos positivos, principalmente pela questão climática. E, de certa forma, colocam em sinal de alerta o setor, porque o excesso de produção pode interferir no preço”, alerta o vice-presidente do Instituto Brasileiro do Vinho (Ibravin) e coordenador da Comissão Interestadual da Uva, Márcio Ferrari.