10 previsões para o Brasil e a indústria florestal global em 2019

A Forest2Market do Brasil, a partir de dados e analises de mercado, faz 10 previsões para o setor florestal em 2019

No último ano, a Forest2Market do Brasil realizou diversas pesquisas e análises de mercado, apontando fatores essenciais para o setor, como o aumento da exportação de celulose, a falta de pinus para a indústria madeireira e a crise do preço da madeira em Minas Gerais. Agora, Marcelo Schmid, sócio-, fez 10 previsões para o setor florestal nos cenários brasileiro e global.

  1. O ano de 2019 será o melhor para negócios observado nos últimos 08 anos

De acordo com o Relatório Doing Business 2019, publicado pelo Banco Mundial no mês de novembro, o Brasil é o único país da América do Sul que apresenta um cenário positivo para negócios em 2019.  A análise foi feita a partir de itens objetivos, como burocracia para abrir uma empresa, tempo para conseguir alvarás e licenças, eletricidade, entre outros.

Com a mudança de governo que ocorreu no início do mês de janeiro, há a esperança de que essas alterações serão priorizadas na agenda do país, visando melhorar o clima de negócios e, consequentemente, atrair mais investimentos.

Outra pesquisa, essa divulgada pela Deloitte, mostra que 97% das empresas entre 826 consultadas declararam que farão algum tipo de investimento no próximo ano. Ao juntar essas análises com o cenário presente nos últimos oito anos, é possível ver que 2019 será o melhor momento para negócios dos últimos tempos.

2. Fortificação e estabilização do real

Entre 2011 e 2016, a taxa de câmbio passou de R$ 1,67 por dólar em 2011 para R$ 3,48 por dólar em 2016. Nos últimos dois anos, ela tem se mantido entre R$ 3,30 e R$ 4,00, e deve sofrer pequenas flutuações devido a mudança de governo. No entanto, se o novo governo der início às reformas esperadas, o Real deve se fortalecer em relação ao dólar e estabilizar em torno de R$ 3,5 por dólar a partir do segundo semestre de 2019, o que irá favorecer a exportação de produtos de base florestal.

3. A lei que proíbe a compra de terras por estrangeiros não será alterada

Embora haja clara inclinação do novo governo e da nova Ministra da Agricultura, Tereza Cristina, na abertura do país para o mercado e na flexibilização da lei que restringe a aquisição de terras por empresas estrangeiras no Brasil, isso não ocorrerá este ano. Outras pautas mais significativas no Congresso deverão dominar os debates e votações em 2019, e a bancada ruralista, que possui grande participação nas decisões do Congresso nacional, irá lutar para defender os interesses dos grandes produtores rurais do país.

Acreditamos que, futuramente, a lei será por fim alterada; no entanto, isso não deve ocorrer em 2019.

4. Aumento de investimentos externos

Apesar das surpresas diárias que nosso país apresenta, além de toda a adversidade econômica e política, os investidores estrangeiros passaram a confiar no Brasil a longo prazo. Mesmo sem a alteração na lei mencionada acima, graças a mudança de governo e melhora no clima de investimento esse ano veremos o maior montante de capital estrangeiro injetado no setor florestal nos últimos anos. Pelo menos 800 milhões de reais serão investidos por fundos estrangeiros na aquisição de imóveis florestais e florestas no Brasil em 2019.

5. Exportações de fibra trazem novas oportunidades para ativos florestais no Brasil

As oportunidades de exportação de matéria-prima florestal para abastecer os mercados globais de bioenergia e celulose na Ásia e na Europa continuarão a crescer juntamente com a demanda por energia limpa e celulose. Isso gerará oportunidades tanto para a exportação de cavaco quanto para toras, o que levará as empresas detentoras de ativos florestais em um raio aproximado de 120 quilômetros do litoral a fazer as contas para verificar a viabilidade de tais operações.

6. As exportações serão favorecidas pela estabilidade do mercado norte-americano

Embora o número de novas casas nos Estados Unidos deva sofrer redução em 2019 devido ao aumento das taxas de juros e alta geral de preços, as reformas de casas já existentes e residências multi-familiares deverão continuar em alta. Paralelamente, a alta na taxa de juros em combinação com outros fatores fará com que os produtos norte-americanos se tornem menos competitivos face a alternativas mais baratas, como o compensado e outros produtos brasileiros, continuando a favorecer as exportações brasileiras para esse país, que em 2018 aumentaram 34% em relação a 2017.  A continuidade das exportações deverá ser favorecida também pela estabilidade do câmbio, que permitirá aos produtores brasileiros melhor planejar seu futuro.

7. A escassez de pinus poderá trazer problemas para fábricas que o utilizam como matéria-prima

Em meados de 2018, a Forest2Market do Brasil previu a falta de pinus no Brasil em um futuro muito próximo. Desde então, essa realidade somente se intensificou: o anúncio de novas expansões, como a Klabin, no Paraná e a WestRock, em Santa Catarina, aliado às expansões já conhecidas pressiona ainda mais a oferta da espécie.

Nessa “corrida do ouro”, é preciso adotar soluções criativas, como parcerias com TIMOs (Timberland Investment Management Organizations – Organizações de Gestão de Investimentos em Madeira) para a aquisição de novas áreas ou até mesmo a venda de ativos para posterior compra de matéria-prima. Obviamente, tal situação irá maximizar os preços e favorecer os produtores.

8. A boa época da celulose irá persistir

A China, principal destino da celulose brasileira, continuará a comprar mais celulose em 2019, uma vez que a moratória de importação de papel reciclado como matéria-prima continua em alta, impulsionando a demanda de celulose. As empresas de celulose brasileiras estão melhor posicionadas para tirar vantagem dessa situação devido à sua capacidade de produção, que será ampliada nos próximos anos, e a seu baixo custo. Enquanto o PIB global permanecer forte, os preços de celulose também permanecerão.

9. A demanda mundial por celulose irá crescer, mas o Brasil estará pronto para isso

Dentre as previsões da Forest2Market do Brasil para 2018, um destaque foi que a “notícia bombástica do ano” viria do segmento de celulose, pelo anúncio da instalação de uma nova fábrica no país, em Mato Grosso do Sul. O imbróglio na venda da Eldorado para a Paper Excelence postergou esse anuncio, embora não tenham faltado grandes notícias no segmento: aquisição da Fibria pela Suzano, ampliação da Klabin no Paraná, ampliação da WestRock em Santa Catarina e a venda da Lwarcel para o grupo RGE, em São Paulo.

Para 2019 a previsão se mantém: o Brasil receberá uma nova fábrica de celulose, provavelmente em Mato Grosso do Sul, região que continua a reunir as melhores condições para isso. Além do desfecho do imbróglio da venda da Eldorado, que provavelmente resultará em sua duplicação, candidatos para uma nova fábrica não faltam. Suzano e Arauco são os principais.

10. Os preços continuarão a subir, favorecendo produtores

Os preços de madeira manterão a tendência de aumento observada nos últimos meses, por uma série de motivos além da especulação: no sul, o aumento da demanda por pinus; no Mato Grosso do Sul, uma provável nova fábrica de celulose; em Minas Gerais, a recuperação da siderurgia; em regiões variadas a procura por matéria-prima para geração de energia ou exportação.

O fato é que em 2019 as indústrias de base florestal que dependem do mercado ou de fornecedores externos terão que estudar e otimizar como nunca sua cadeia de abastecimento, para chegar a um preço médio de fibra que as permita manter a competitividade no mercado. Para isso, é fundamental que tais indústrias monitorem e entendam os preços de matéria-prima florestal por meio de uma base de dados altamente confiável.

Sobre a Forest2Market do Brasil

A Forest2Market do Brasil é uma empresa brasileira, sediada em Curitiba e de propriedade conjunta da Forest2Market e do Grupo Index. Criada em 2013, a Forest2Market do Brasil utiliza a metodologia Forest2Market para permitir que os participantes das indústrias florestal, madeireira e de papel, bioquímica e bioenergia tomem melhores decisões aplicando especialização no setor e conjuntos de dados exclusivos. Como uma empresa que acredita que a única maneira de obter uma compreensão real do mercado é coletar dados transacionais, a Forest2Market do Brasil tem um banco de dados único, atual e exclusivo de transações entregues e uma infraestrutura abrangente de coleta de dados, que permite a coleta de milhões de transações todos os anos. É uma terceira parte neutra, independente em propriedade e estrutura, que quantifica os custos de estocagem, aquisição, frete e despesas gerais, proporcionando uma visão sem precedentes sobre a cadeia de suprimento de madeira. A Forest2Market do Brasil lançará sua ferramenta de inventário florestal, a Timber Supply Analysis 360, em 2019.