Setor lácteo alinha rumos da competitividade em Santa Maria

Elevar a competitividade do setor lácteo exige um trabalho orquestrado, que une planejamento e gestão profissional dos tambos a uma atuação forte por parte das indústrias para obtenção de produtos de alta qualidade em escala e capazes de acessar mercados cada vez mais exigentes. Como regente, o poder público tem o dever de, em conjunto com o setor, criar políticas públicas que garantam o equilíbrio necessário para assegurar competitividade ao setor, que gera renda a mais de 100 mil famílias e arrecadação a 467 dos 497 municípios gaúchos.

A necessidade de união e ações concatenadas pelo bem coletivo foram a tônica dos debates do 2º Fórum Itinerante do Leite, realizado nessa segunda-feira na UFSM, em Santa Maria (RS). Em torno de 450 pessoas, entre autoridades, lideranças do setor lácteo, acadêmicos, empresários e agricultores estiveram presentes no evento. Além do debate sobre o mercado, à tarde oficinas permitiram a avaliação técnica de diversas questões envolvendo inspeção, legislação, sanidade e gestão nas propriedades leiteras.

Durante o Fórum, o pesquisador Wagner Beskow cobrou avanços logísticos que permitam ao setor ser mais competitivo e defendeu empenho em qualificar os processos e manejo, principalmente com relação à alimentação animal, o que julga ser um dos grandes gargalos dentro da porteira.  “Nossa palavra de ordem tem que ser produtividade e eficiência”, ressaltou. O pesquisador da Embrapa Clima Temperado, Darcy Bitencourt, reforçou a necessidade de maior organização como estratégia para evitar a competição interna na cadeia produtiva. “Precisamos de lideranças que mudem essa história e se preocupem com o crescimento da cadeia”, disse.

Ao analisar o mercado, o presidente do Sindilat, Alexandre Guerra, referiu-se aos entraves criados pela importação descontrolada de leite pelo Brasil. “A competitividade começa na casa do produtor, em como posso ampliar o rendimento por vaca, mas vivemos em uma economia globalizada que atinge o mercado e os preços”, frisou.  “Altos e baixos são uma realidade da vida inteira no setor lácteo. Quando se fala em leite, não dá para olhar o mês, tem que se olhar o exercício. Quando se ganha tem que se guardar”, sugeriu, contrapondo manifestação de produtores que reivindicam uma maior previsibilidade de valores a serem pagos. “A indústria não quer baixar o preço, mas seguimos a lei da oferta e da procura, até porque vivemos em uma economia globalizada.”

A necessidade de parâmetros de preço e incentivos fiscais também foi alvo da manifestação do secretário-geral de Fetag, Pedrinho Signori.  Segundo ele, o desequilíbrio da cadeia produtiva desanima o produtor, que vive com picos de preço. “Precisamos de um maior equilíbrio. Não podemos entregar o leite e receber 40, 45 dias depois sem saber quanto. Isso desestrutura muito os tambos. O sucesso do campo está relacionado à sucessão rural. O jovem só vai ficar na propriedade se tiver resultado. Precisamos equilibrar a cadeia”.

O diretor da Farsul e presidente da Aliança Láctea Sul Brasileira, Jorge Rodrigues, ainda reforçou a importância de se estabelecer normas factíveis ao produtor, diferente da IN 51, que mudou de nome, mas ainda é de difícil cumprimento. Rodrigues sugeriu a adaptação das exigências em relação à CCS aos padrões norte-americanos. A Aliança Láctea ainda está trabalhando com a equiparação de fiscalização dos três estados do Sul e em um plano de fidelização entre o produtor e a indústria, o que pode acontecer por meio de  um contrato, por exemplo.

Durante manifestação em Santa Maria, o procurador do Ministério Público, Alcindo Bastos, informou que a Operação Leite Compensado deve ser levada a outros estados do Brasil.  A proposta é uma forma de corrigir a penalização do leite gaúcho que, sendo o mais fiscalizado, também acabou tendo um maior número de denúncias deflagradas.

Sobre o evento: O 2º Fórum Itinerante do Leite foi uma realização do Sindilat, do Sistema Farsul, da Fetag e do Canal Rural, com apoio institucional da Secretaria da Agricultura, Pecuária e Irrigação do Rio Grande do Sul (Seapi) e do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento. A Editora Gazeta, através do editor assistente Cássio Filter, acompanhou o evento. No dia 24 de novembro, a empresa lança na Avisulat 2016, em Porto Alegre, um livro sobre as edições dos Fóruns Etinerantes do Leite.

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