Produção de sorgo granífero cresce no Brasil

Estado de Goiás lidera com colheita superior a 1 milhão de toneladas

O Brasil segue registrando produções superiores de sorgo granífero. A previsão é colher 2,5 milhões de toneladas de grãos nesta safra de 2019/20, significando alta de 14,7% em relação aos 2,177 milhões de toneladas do ciclo anterior, de acordo com o levantamento da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), divulgado em setembro de 2020. A área plantada com o grão totalizou 835,2 mil hectares, com incremento de 14,1%, em comparação com a anterior. A produtividade cresceu 0,6% em 2019/20, com média calculada em 2.991 quilos por hectare.

Nos últimos anos, os resultados mostram que o rendimento médio por hectare aumentou mais que a área destinada à cultura. “Existem vários aspectos que podem influenciar a produtividade do sorgo, tais como: clima, solo, qualidade das sementes, tecnologia de cultivo, manejo e colheita”, relata Adonis Boeckmann e Silva, analista da Gerência de Produtos Agropecuários (Gerpa) da Conab. Ele destaca que o resultado positivo desta safra de 2019/20 deve-se ao sorgo ter sido plantado no momento certo, o clima ter sido favorável e o incremento de novas tecnologias em semente.

A produção de sorgo de 14 estados é acompanhada pela equipe técnica da estatal. O maior produtor do grão é o Estado de Goiás, com o volume estimado em 1,098 milhão de toneladas para a safra de 2019/20. A segunda maior oferta é a de Minas Gerais, com a projeção de 782,3 mil toneladas para a safra em questão. Os dois são seguidos pelos estados da Bahia e do Mato Grosso, com as respectivas estimativas de 156,3 mil toneladas e de 138,1 mil toneladas. As maiores altas em volumes são projetadas para os estados da Bahia (120,8%), Mato Grosso (48,8%) e Goiás (10,9%).

O analista da Conab explica que o plantio e a colheita do sorgo obedecem a um calendário que varia em cada região e estado brasileiro, e tem a ver com o ciclo de desenvolvimento da planta. De uma maneira geral, na maioria das regiões, o período coincide com o final da safrinha, antes de se iniciar o período de estiagem, por ser resistente ao déficit hídrico. No País, o sorgo é utilizado internamente quase de forma exclusiva para a produção de ração animal.

“Por questões culturais quanto ao seu uso, o mais comum é o produtor optar pelo sorgo apenas para suprir a escassez de milho para a ração animal ou quando perde a janela de plantio de milho”, comenta Silva. Quase todos os produtores atuam integrados com empresas de ração. O custo para produzir é semelhante ao do milho, no entanto, o preço pago, em média, é 20% menor. Além disso, os canais de comercialização são poucos. O grão colhido praticamente não fica estocado e precisa ser remetido de imediato para o comprador. Assim, a produção só é realizada quando há destino certo para o grão. O brasileiro também não tem o hábito de consumir sorgo na alimentação e não valoriza alimentos com o cereal em sua composição.

PRAGA PROBLEMA – Nas últimas safras de 2018/19 e 2019/20, o pulgão da cana (Melanaphis sacchari) provocou prejuízos em lavouras de sorgo dos estados de Minas Gerais, São Paulo e Goiás, conforme os pesquisadores Simone Mendes, Ivênio Oliveira e Paulo Viana, da Embrapa Milho e Sorgo em Minas Gerais. As espécies que também costumam ocorrer na cultura são o pulgão do milho (Rhopalosiphum maidis) e o pulgão verde (Schizaphis graminum).

Segundo eles, essa ocorrência pegou o produtor de surpresa, já que não estava acostumado a ver essa praga em suas lavouras. O problema foi agravado pelo hábito desse pulgão de ficar alojado nas partes inferiores das folhas e da planta. Assim, quando os produtores perceberam os sintomas, a infestação já estava muito grande e de difícil controle. “O problema maior tem sido para o sorgo granífero plantado na segunda safra, isso porque, na ausência de chuvas, o pulgão pode se estabelecer melhor nas lavouras”, observam.

O pulgão tem a vantagem de se multiplicar com velocidade. A fêmea leva cerca de 10 dias para completar o ciclo e colocar em torno de 60 ninfas. Desta forma, o produtor deve estar atento às lavouras e monitorar com uma periodicidade semanal na fase crítica. As estratégias de manejo para essa espécie de praga no País ainda não estão bem estabelecidas. “Contudo, certamente passará pelo desafio da seleção de genótipos de sorgo com maiores níveis de resistência à essa praga e a associação com outras estratégias do MIP, como controle químico e biológico”, concluem os pesquisadores.

“Neste cenário muitos desafios ainda estão por vir, uma vez que não existe o registro de inseticidas para o controle dessa praga em lavouras de sorgo”, esclarecem. Ainda acrescentam que manter a sustentabilidade das recomendações também é fundamental para manutenção da população de inimigos naturais que aparece junto com a praga. São inúmeras joaninhas, larvas de sirfídeos e crisopídeos além de parasitoides, capazes de se desenvolver no interior do corpo da praga.