Leite – No ponto para reaquecer

Produção inspecionada apresentou crescimento de 5% ao longo de 2017

O leite começa a reaquecer no campo, com maior produção, vinculada em especial à produtividade por animal, depois de ter havido recuo em período recente. O mesmo ainda não ocorre em nível de consumo, onde também houve retração, com a crise econômica, mas persistem dúvidas quanto a uma reação próxima que possa corresponder ao crescimento previsto na oferta. Em vista disso, continua o empenho no setor para que possam ser alavancadas as exportações, ainda pequenas, num comércio onde preponderam os ingressos de produto estrangeiro.

A produção total de leite no País caiu em 2016 e em menor escala em 2017, mas a aquisição de produto inspecionado já voltou a crescer neste ano, depois de dois períodos consecutivos de queda. O incremento foi na ordem de 5%. Desta forma, como observou análise de conjuntura da Embrapa Gado de Leite feita em outubro de 2018, a oferta de leite informal recuou quase 13%, ficando em 27% do total produzido no País. Chamou atenção para a redução do número de vacas ordenhadas (13,3%) e o aumento da produtividade média por vaca (14,7%).

A produtividade de leite atingiu quase 2 mil litros/vaca/ano na média nacional. Neste quesito, destaca-se a região Sul, com média de 3.285 litros/vaca em 2017 e a liderança do Estado de Santa Catarina, seguido de Rio Grande do Sul e Paraná, que são os respectivos quinto, segundo e terceiro maiores produtores nacionais. Minas Gerais está à frente na produção total, com 8,9 milhões de litros no referido ano. Destaca-se também o valor da produção pecuária de leite, que ocupou o sexto lugar entre os produtos agropecuários brasileiros em 2017, com R$ 29,9 bilhões (alta de 9,46% sobre o ano anterior).

A relação de troca entre o preço do leite e o de insumos esteve mais favorável ao produtor de leite na maior parte de 2017, de acordo com avaliação do mercado de leite deste ano feita por analistas da Embrapa Gado de Leite, em circular técnica de setembro de 2018. Apontaram quedas de preços médios, mas também dos custos de produção no ano anterior. Já nota conjuntural da instituição em outubro de 2018, sobre o ano corrente, indicava aumento do custo de produção ao lado de redução de valores reais pagos aos produtores.

O mesmo foi verificado pelo Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea), da Universidade de São Paulo (USP), em boletim de novembro de 2018. A analista Natália Grigol observava queda de preços após acréscimo ocorrido com desabastecimento na greve dos caminhoneiros, uma vez que já vinha ocorrendo aumento de oferta, em descompasso com a demanda. Evidenciava ainda que “a atual estagnação econômica e a consequente redução do poder de compra do consumidor limitam as aquisições dos derivados de leite”.

Impactos da retração do consumo e da paralisação dos transportadores, com perdas de produção, ainda estão presentes no balanço de 2018 feito pela Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA) em dezembro, além de fazer referência à elevação do custo de produção, em especial no concentrado, na energia e no combustível. Mesmo assim, ainda apresentava estimativa de crescimento moderado na produção, na ordem de 1,5%. Já para 2019, a entidade projetava possibilidade de avanço de 3% a 3,5%, com “cenário de margens menos limitado”. Já sobre o consumo de lácteos, considerava que “ele pode não avançar diante da baixa perspectiva de recuperação da economia, apesar da mudança de governo”.