INOVAÇÃO
Outro aspecto que tem sido alvo de atenção no setor, para buscar au-
mento na demanda, é a inovação. Neste sentido, o Instituto de Tecnologia de Alimen-
tos (Ital) da Secretaria da Agricultura e Abastecimento de São Paulo lançou em julho de
2017 o estudo “Brasil Dairy Trends 2020”, com tendências e informações sobre produtos
lácteos com probióticos (bactérias benéficas que melhoram a saúde intestinal), prebió-
ticos (que ativam estas bactérias) e fibras; de baixo teor de gordura, sódio, açúcar e lac-
tose, e alto teor de proteína e cálcio, bem como peptídeos bioativos (que atuamna saú-
de cardiovascular e na absorção de nutrientes).
O mercado de queijos, de modo específico, com previsão de maior consumo, foi
tema de abordagem emEsteio (RS), na Feira Nacional de Agronegócios do Sul – Fenasul
2017, em final de maio, por Fábio Scarcelli, presidente da Associação Brasileira das In-
dústrias de Queijo (Abiq). Hoje, com30%do leite destinado para este fim, amédia brasi-
leira de compra é de 5,4 quilos do produto por pessoa/ano, e ameta é chegar a 7,5 quilos
em 2020 e 9,6 quilos em 2030. “O caminho é tentar inovar e fazer parcerias mais fortes
com os produtores”, indicou o dirigente.
O
setor lácteo, que atende ao
mercado interno na sua qua-
se totalidade, depende de
forma direta do poder aquisi-
tivo da população. Sofrendo
os efeitos da crise econômica, a demanda
de leite e de seus derivados não apresentou
grandes alterações no período recente, per-
manecendo em patamar ao redor de 175 li-
tros/habitante/ano, que alcançara em2013,
Emtemperatura
amena
Demandade produtos
lácteos foi impactada
pela situação econômica
desfavorável e perspectiva
de recuperação
futuramantéma
mesma relação
conformedadosdaCompanhiaNacional de
Abastecimento (Conab). A expectativa ma-
nifestada em2017 era de que se efetivasse a
esperada reaçãona economia, para que pu-
desse haver avanços tambémno consumo.
A área industrial ainda sentia em mea-
dos de 2017 as dificuldades da diminuição
do poder de compra do brasileiro. Na área
pública, pesquisadores e analistas da Em-
brapa Gado de Leite, em análise de con-
juntura no mês de julho, reiteravam que “a
demanda por produtos lácteos ainda não
apresentou crescimento significativo em
2017”. No entanto, consideravam que “a si-
nalização de queda nas taxas de juros e de-
saquecimento da inflação, no conjunto,
pode estimular o crescimento do consumo
a partir do segundo semestre de 2017”.
Da mesma forma, e no mesmo período
do ano, a analista Maria Helena Fagundes,
da Conab, avaliava que “a expectativa de re-
cuperação do Produto Interno Bruto (PIB)
em mais 0,3% em 2017, aliada ao controle
da inflação, pode significarmelhoriadasitu-
ação do emprego e da renda, incentivando
oconsumoeaconsequente recuperaçãoda
produção”. Nos seus cálculos, a expectati-
vado consumo aindapermanecia emníveis
semelhantesaosestimadosnoanoanterior,
onde foi considerada alguma recuperação,
após recuos, mas ainda na faixa dos 175 li-
tros/habitante/ano.
No plano da demanda, mesmo na ca-
mada de poder aquisitivo mais elevado,
mereceu atenção pesquisa de que falta de
informação ou desinformação influiu no in-
teresse por leite na alimentação das crian-
ças. Por esta razão, movimento indepen-
dente de incentivo ao consumo de lácteos
(“Beba mais leite”) foi liderado por mães e
médicas veterinárias formadas pela Escola
de Veterinária da Universidade Federal de
Minas Gerais (UFMG), e atuantes na pecuá-
ria leiteira hámais de 15 anos.
“Comomães emédicas veterinárias, de-
fendemos o consumo de lácteos como par-
te de uma dieta saudável para crianças,
adultos e idosos”, diz a coordenadora, Ana
Paula Menegatti. O movimento aborda mi-
tos e verdades sobre os produtos do leite e
ressalta “benefícios comprovados, como a
ação para ter ossosmais fortes, dentes e ca-
belos saudáveis,melhor qualidadedo sono,
menos sintomas da Tensão Pré-Menstrual
(TPM), além várias outras influências positi-
vas verificadas empesquisas”.
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