Emater Mulher: da lavoura ao legislativo municipal

Nesta quinta reportagem, a série Emater Mulher conta a história da mulher, esposa, mãe do Kelvin (16 anos) e do Breno (11 anos), agricultora e vereadora. São esses adjetivos, entre tantos outros, que ajudam a descrever a trajetória da agricultora Viviane Redin Mergen, do município de Arroio do Tigre.

Residente na localidade de Vila Progresso, a propriedade da família possui 12 hectares, onde são cultivados soja, fumo, milho e alimentos de subsistência, além das áreas de mata nativa e da residência.

Foi acompanhando a mãe, Eleni, nas reuniões do grupo de agricultoras, que Viviane se tornou referência no município. “Eu via muito o envolvimento da minha mãe e ficava deslumbrada. Eu achava isso muito bonito, pois ela também era a tesoureira da associação que reúne todos os grupos do município e acabei gostando de participar. Como eu sempre ia às reuniões desde os 12 anos, logo virei umas das sócias do Grupo de Agricultoras de Linha São José”, conta.

O trabalho junto a grupos de mulheres rurais é uma das ações desenvolvidas pela Emater/RS-Ascar no decorrer dos seus quase 65 anos de história. Além da intereção social e do compartilhamento de informações e conhecimentos, os grupos têm estimulado o empoderamento e a liderança das mulheres na família, na comunidade e no município. A independência e o protagonismo da mãe na propriedade da família e no grupo de trabalhadoras rurais foi o exemplo e o estímulo para Viviane. “Eu via a independência da minha mãe. Enquanto outras mulheres tinham dificuldades de participar dos grupos, ela sempre se envolveu nas atividades e sempre teve o apoio do meu pai. E eu queria isso pra mim. Queria ser como ela”.

Dona Eleni sempre estimulou Viviane a auxiliar nas atividades desenvolvidas no grupo de agricultoras, o que fez com que ela se destacasse junto às mulheres. Assim, com o apoio da família e das agriculturas com quem convivia no grupo de Linha São José, aos 20 anos Viviane concorreu e foi eleita ao cargo de tesoureira da Associação das Agricultoras de Arroio do Tigre, que reúne 16 grupos, com cerca de 900 sócias. “Foi um desafio e uma experiência muito válida. Cresci muito”, avalia Viviane que, além de tesoureira, também foi presidente da associação por dois mandatos e integrou a Associação de Juventude Rural de Arroio do Tigre.

A agricultora lembra da importância da Emater/RS-Ascar para o seu crescimento. “Devo muito a Marinez, que foi a extensionista da Emater no município por muitos anos e que sempre me estimulou nessa questão do empoderamento e da liderança. Ela sempre dizia que nós é quem devíamos levar a associação à frente, com o apoio da Emater, mas que nós deveríamos ser aquela pessoa que vai à frente. Esses cargos são voluntários, então sempre que assumi alguma coisa fiz o melhor que pude, me doei bastante. Isso ajudou no meu crescimento e para estar onde estou hoje”.

O trabalho desenvolvido junto aos grupos de mulheres fez com que Viviane se destacasse no município e fosse convidada a concorrer a uma vaga na Câmara de Vereadores. Mesmo com o convite, a agricultora levou algum tempo até aceitar. “Quando recebi o convite, sabia que era para preencher a cota de 30% de mulheres, então esperei. Eu queria concorrer para disputar e para ajudar ainda mais as pessoas. Eu já tinha o trabalho voluntário e senti que poderia fazer mais. Conhecia as demandas do interior, das mulheres, da agricultura e eu senti que podia ser útil de outra forma”, lembra.

Atualmente Viviane está no segundo mandato como vereadora. “A Câmara de Vereadores ainda é um espaço de muitos homens, mas eu consegui conquistar o meu espaço no município. Uma eleição é muito difícil e eu tive o reconhecimento de muitas pessoas, principalmente das mulheres”, pondera.

Para o futuro, Viviane planeja a conclusão do curso de Serviço Social e a continuação do trabalho atuante no município. “Eu sempre tive o sonho de estudar, de ter um quadro de formanda na minha casa, com a minha foto. É uma evolução. E o serviço social está ligado a minha vivência como mulher, mãe e agricultora. Sempre ouvi falar de mulheres muito dependentes dos maridos e hoje eu digo para as meninas que estudem, que tenham a sua indepência financeira, tenham amizades”.

Viviane ainda participa do Grupo de Agricultoras de Linha São José e relata a constante adequação do trabalho às demandas das mulheres rurais e à formalização da associação, que atualmente possui registro no Cadastro Nacional de Pessoa Jurídica (CNPJ). “Os grupos vêm numa evolução muito grande. Eu via a minha mãe aprendendo a cuidar da casa, a fazer receitas e artesanato, mas hoje é trabalhado o empoderamento das mulheres. Os temas abordados pela Emater têm atendido outras demandas, como a depressão e a violência doméstica, tabus antigamente. E esse trabalho é extremamente importante”.

Para as meninas, Viviane ressalta a importância da mulher para a sociedade. “Espero que as meninas possam entrar nesses grupos e ter uma perspectiva de crescimento e valorização. Vejo que homens e mulheres têm evoluído junto, mas quero elas possam pensar pra frente, ter o seu dinheiro, se valorizem e sejam lideranças em suas comunidades e municípios. A mulher tem um jeito diferente e um grande valor, mas ela precisa se descobrir, desabrochar e vejo que com esse trabalho da Emater com as agricultoras isso é possível”, conclui.

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