Brasil quer maior participação de mercado na Tailândia

Um dos dez maiores importadores de algodão do mundo, a Tailândia foi a parada de hoje (04) da “maratona” diplomática de promoção do algodão brasileiro, que vem sendo empreendida no escopo das iniciativas do projeto Cotton Brazil. Lançado no final do ano passado pela Associação Brasileira do Produtores de Algodão (Abrapa), com a Apex Brasil e o apoio da Associação Nacional dos Exportadores de Algodão (Anea), seu objetivo é ampliar mercados para a pluma nacional na Ásia, para fazer do país o maior exportador mundial de algodão até 2030. O posto hoje é ocupado pelos Estados Unidos. Essas reuniões vêm sendo realizadas desde o mês de agosto, em cada um dos nove países-foco do projeto: China, Bangladesh, Vietnam, Turquia, Paquistão, Indonésia, Índia, Tailândia e Coreia do Sul.

Os números da cotonicultura do Brasil, assim como seus diferenciais competitivos em qualidade, sustentabilidade e produtividade foram apresentados à embaixadora em Bangkok, Ana Lucy Gentil Cabral Petersen, ao chefe do departamento de promoção e comercialização da embaixada, Willian Santos, e à adido agrícola Maria Eduarda Serra Machado. A Abrapa presidiu o encontro, com parte dos seus representantes falando, mais uma vez, da sede da embaixada brasileira em Singapura, onde a entidade foi ciceroneada pelo ministro conselheiro Daniel Pinto.

De acordo com Marcelo Duarte, diretor de relações internacionais da Abrapa, baseado no escritório da entidade em Singapura, o Brasil tem condições de ganhar mais espaço na Tailândia, onde hoje a sua participação de mercado é de 15%. “A indústria têxtil tailandesa é o décimo segundo maior consumidor mundial de pluma, e, apesar dos impactos da Covid-19, continua sendo o oitavo maior importador global, para onde exportamos 185 mil toneladas”, disse. A presença física no mercado asiático e o corpo a corpo que espera fazer, tão logo as circunstâncias permitam, serão muito importantes na meta do projeto. “Um dos primeiros aspectos que pretendemos mudar é a percepção da indústria mundial sobre a qualidade da nossa fibra, que, hoje, não difere da americana, e é muito próxima da australiana, como pode ser comprovado nos parâmetros de análise instrumental que nos permitem comparar”, afirma Marcelo Duarte.

O projeto Cotton Brazil será oficialmente lançado no início de dezembro, e comporta, além do recém-aberto escritório de representação da Abrapa na Ásia, ações de marketing, inteligência de mercado e de comunicação na língua local e em inglês em cada uma das praças onde atuará. “O Brasil conseguiu dobrar a sua produção de fibra nos últimos três anos sem precisar derrubar uma única árvore. Tem quase toda a sua produção com certificação de sustentabilidade, nacional e internacional, além de uma produtividade de 1,8 mil quilos de algodão por hectare, que é o dobro da auferida pelo nosso maior concorrente. Precisamos mostrar isso ao mundo e com a ajuda das embaixadas, faremos isso de forma assertiva”, afirmou o presidente da Abrapa, Milton Garbugio, presente à videoconferência.

A embaixadora contextualizou a situação da Tailândia na pandemia, marcada por um relativamente baixo número de casos e de mortes. Contudo, a covid, segundo ela, afastou os visitantes. O turismo é a maior vocação econômica do país, e representa cerca de 20% do PIB. “A Tailandia terá perdas em torno de 10% do PIB este ano, o que significa que a economia foi atacada de maneira muito grave”, disse. Para Ana Lucy Petersen, dar início aos trabalhos de relações internacionais em um contexto como o atual dá à Abrapa uma certa vantagem, uma vez que a atenção será muito disputada “quando as coisas voltarem a abrir”. Petersen falou que será interessante ter um novo produto do agro a ser promovido na região. A embaixadora e o corpo diplomático na Tailândia se comprometeram a envidar esforços para ajudar na divulgação da pluma nacional, e colocaram a embaixada à disposição de produtores e exportadores para isso.